Economia
09/02/2015 10:22 - IPCA tem alta de 1,07% em janeiro na Grande BH; mais que o dobro de dezembro
No país, a inflação oficial subiu 1,24% em janeiro, pressionada por energia, alimentos e transporte
Com a intensa pressão dos preços administrados, aqueles controlados pelo governo, como energia elétrica e ônibus urbano, a inflação de janeiro foi a maior desde fevereiro de 2003. Subiu 1,24% no mês passado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial do custo de vida no país, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta só não superou o resultado de fevereiro de 2003 (1,57%). Em razão do significativo avanço em relação a dezembro passado (0,78%), o índice atingiu 7,14% no acumulado dos últimos 12 meses, estourando o teto da meta estipulado pelo Palácio do Planalto (6,5%). Nessa base de comparação, trata-se também da maior taxa desde setembro de 2011 (7,31%).
Analistas de bancos e corretoras consultados no Boletim Focus do Banco Central acreditam que a inflação deve encerrar 2015 em 7,01%. Na Grande Belo Horizonte, o IPCA fechou janeiro com alta de 1,07%, mais que o dobro do apurado em dezembro (0,44%). No acumulado de 12 meses, avançou 6,27%. A estiagem que castiga todo o país foi também uma grande responsável pela fome do dragão da inflação tanto em BH quanto no país.
“Os meses de janeiro geralmente registram alta do preço dos alimentos, mas este ano a seca aumentou o custo de alimentos, e de outros produtos importantes para o consumidor, como água e energia. Não se via uma taxa acumulada em 12 meses na casa dos 7% desde 2011, apesar de, desde abril do ano passado, estar na casa dos 6%. E também não se via inflação na casa de 1 dígito desde 2003”, disse Eulina Nunes, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, em entrevista concedida na sede do IBGE no Rio de Janeiro.
Os reajustes das tarifas de energia elétrica alcançaram, em média, 8,27% no Brasil, o maior impacto, de 0,24 ponto percentual no indicador de janeiro, quando analisados individualmente os subitens de despesas com consumo que compõem a inflação oficial. Na Grande BH, a remarcação foi de 8,25%, em média. À exceção da área metropolitana de Salvador, onde o percentual ficou em 0,76% por causa de descontos concedidos nas contas, as demais capitais e entorno registraram crescimento elevado: Porto Alegre (11,66%), São Paulo (11,46%), Goiânia (9,37%), Belém (8,02%), Curitiba (7,95%), Distrito Federal (7,94%), Campo Grande (7,84%), Vitória (7,63%), Rio de Janeiro (5,98%), Recife (4,67%) e Fortaleza (2,03%).
Estiagem A seca também interferiu no preço de muitos alimentos. No grupo de gastos com alimentos e bebidas, o consumidor enfrentou aumento de 1,48%, na média, em janeiro. As despesas haviam subido 1,08% em dezembro. Os preços de alguns produtos dispararam no mês passado, com destaque para os da batata-inglesa (38,09%), do feijão-carioca (17,95%) e do tomate (12,35%).
“Em 2015, a entressafra da batata, tomate e cebola está mais forte”, informou Ricardo Martins, chefe da seção de informações de mercado da Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas). No entreposto, com sede em Contagem, na Grande BH, e o maior do estado, o quilo da batata no atacado (do produto para o distribuidor) subiu de R$ 0,90, na média, em janeiro de 2014 para R$ 1,56 no mês passado. O do tomate, na mesma base de comparação, foi de R$ 0,89 para R$1,31. O da cebola passou de R$ 1,16 para R$ 1,55.O grupo dos produtos não alimentícios variou 1,48% em janeiro, bem acima da taxa de dezembro (0,42%)”.
O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência nas negociações salariais, cuja alta no país foi de 1,48% em janeiro e de 7,13% no acumulado dos últimos 12 meses. Na Grande BH, respectivamente, esses percentuais foram de 1,29% e 6,57%. De acordo com o relatório do IBGE, no país.
Caminho livre para reajuste da luz
O aumento de até 83,3% das contas de luz a partir de 1º de março, devido à revisão extraordinária, por meio das bandeiras tarifárias autorizadas para repor de imediato o custo mais alto do insumo às distribuidoras, foi liberado, ontem. pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O órgão regulador aprovou a metodologia de reajuste, que vem sendo solicitado pelas distribuidoras de energia para ser levada à audiências públicas entre a próxima segunda-feira e dia 19. Pelo menos 37 empresas, entre elas a Light, já haviam encaminhado pedidos de revisão à agência reguladora. O percentual de aumento será diferente para cada empresa, dependendo dos seus custos.
O diretor relator do processo na Aneel, Reive Barros, disse que foi elaborada uma metodologia simplificada. Serão considerados no cálculo os custos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que este ano será de R$ 23,21 bilhões; além do aumento do custo da energia da Hidrelétrica de Itaipu, que ficou em torno de 46%, com um impacto de 6,6 pontos percentuais na conta de luz; e os custos de compra de energia. “A receita obtida pelas distribuidoras está aquém dos custos. Se não fosse feita a revisão extraordinária, haveria risco de inadimplência generalizada, um colapso do setor elétrico como um todo”, afirmou Barros.
O presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras e Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, destacou a importância das medidas que estão sendo tomadas pela Aneel para as distribuidoras, mas alertou para o efeito da cobrança dos impostos sobre os aumentos. “Os impactos tarifários serão potencializados pela cobrança dos impostos, que são itens de política pública, que não deveriam ter esta carga tributária”, defendeu. O PIS/Cofins e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) estão sendo cobrados em cima de subsídios para a população de baixa renda. Este aumento de arrecadação que os estados e a União terão não foi fruto do desenvolvimento econômico, de ação de governo, mas de uma conjuntura desfavorável, segundo o executivo.
Enquanto isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou que a Energia Natural Afluente (ENA) para a região Sudeste deve ficar em 51% da chamada média de longo termo (MLT) registrada neste mês. Uma semana atrás, as previsões sugeriam ENA equivalente a 52% da média histórica. Com isso, o ONS reduziu a previsão do nível dos reservatórios ao final de fevereiro de 19,7% para 19,5% da capacidade. O número considera as represas localizadas no Sudeste e Centro-Oeste, as quais correspondem a 70% da capacidade de armazenamento do país. As novas projeções também sugerem volume menor de chuvas no Sul e Norte.
Veículo: Estado de Minas
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