Instituto divide o país em regiões e comprova que renda média do brasileiro é de R$ 1,5 mil. População está mais organizada

A população das classes D e E representa cerca de 43% dos 44 milhões de lares brasileiros. É o que mostra a pesquisa do instituto LatinPanel, que traçou o perfil da população e do consumo em sete regiões brasileiras. O levantamento mostrou ainda que o brasileiro está conseguindo organizar melhor o orçamento doméstico. A renda média das famílias do país, em 2007, foi de R$ 1.463. Enquanto isso, o gasto médio mensal foi de R$ 1.417.

O LatinPanel dividiu o país nas seguintes regiões: São Paulo, interior de São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro (essas três últimas foram analisadas juntas), Região Sul, Norte , Nordeste e Centro-Oeste. A região de Minas, Espírito Santo e interior do Rio, segundo o levantamento, conta hoje com 6,6 milhões de lares, e é formada principalmente pelas classes D e E (42%) e classe C (37%). A renda familiar média, de R$ 1,6 mil, é 9% acima da nacional e a segunda mais alta das regiões avaliadas (só perde para a Centro-Oeste, onde a renda é de R$ 1,63 mil). As famílias dos três estados têm controle financeiro elevado, segundo o LatinPanel. Em geral, gastam uma média mensal de R$ 1.488. A habitação conta com 14,3% do total desembolsado. A cesta de alimentação é a mais representativa e responde por 47% dos gastos. As bebidas ficam em segundo lugar, com 27%, seguido de higiene (17%) e limpeza (9%).

A expansão e o ganho de poder aquisitivo da população de baixa renda estão provocando grandes transformações no mercado de consumo do país e nas estratégias adotadas pelas empresas. Executivos e profissionais de marketing estão indo a campo para fazer uma espécie de “estágio” em favelas e residências de famílias de classes C, D e E . O objetivo é tentar entender a realidade e o comportamento desses consumidores. É o caso, por exemplo, da Johnson & Johnson e da Nestlé.

“Essas classes sempre existiram, mas não eram consideradas na estratégia de marketing. As empresas perceberam que é preciso ter uma estratégia direcionada e olhar mais sofisticado para esse público. Estão sendo revistos os produtos, os canais de distribuição e a localização das fábricas”, afirma Luciana Aguiar, sócia-diretora do Data Popular, instituto de pesquisa e consultoria focado nas classes C, D e E.

A Vilma Alimentos, por exemplo, é adepta das visitas em casa de consumidores de baixa renda. “Acompanhamos para ver a praticidade e aceitação do produto”, afirma Cézar Tavares, vice-presidente de vendas e marketing da Vilma. Ele afirma que desde o Plano Real e controle da inflação, em 1994, os hábitos de consumo dessa parcela da população mudaram. “Antes, a procura por pontas de produção e retalhos de macarrão era grande. Eles eram vendidos a granel com preços de 15% a 20% mais baixos. Hoje, esse consumo não existe mais. O consumidor passou a comprar pacotes de 500 gramas e um quilo. A escolha antes só tinha um fundamento: a falta de dinheiro”, observa Tavares.

A aposentada Tereza Almeida Soares mora no aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Ela conta que sentiu no bolso o aumento do poder aquisitivo nos últimos anos. “Reformei a casa, tenho camas novas, sofá e televisão de 17 polegadas, o que não tinha antes”, afirma. Nas compras de supermercado, Tereza também mudou os hábitos: incluiu iogurte, massa para bolo e frutas todas as semanas. “Antes não sobrava dinheiro para esse tipo de produto”, diz.

Veículo: O Estado de Minas