Por Diogo Martins | Do Rio

A queda da produção industrial, combinada à valorização do real em relação ao dólar, fez os preços da indústria caírem pelo quinto mês consecutivo em julho. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) recuou 0,29% na comparação com junho, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De fevereiro a julho, o IPP acumulou queda de 1,94%.

"Os preços da indústria têm relação com os dados da produção industrial [que apontam queda]. Se o mercado não vai bem, ele reduz preços para ganhar competitividade", afirmou Alexandre Brandão, gerente do IPP. Dados do IBGE indicam que a produção industrial acumulou perda de 2,6% no primeiro semestre deste ano.

Um dos setores que reduziram os preços para ganhar competitividade foi o de calçados e artigos de couro, cujos preços recuaram 1,38% em julho em relação a junho. O setor contribuiu com -0,02 ponto percentual para a queda do IPP. Com o resultado do mês passado, o IPP acumulou alta de 0,61% no ano, e avanço de 3,45% em 12 meses. Foi também o quinto mês consecutivo de recuo da taxa acumulada em 12 meses.

Além dos efeitos da queda da produção industrial, Brandão afirmou que o indicador tem forte relação com o mercado de câmbio e a desvalorização do dólar frente ao real vem provocando quedas do IPP. Informações apresentadas por ele, mas atribuídas ao Banco Central, indicam que o real teve valorização de 4,7% no acumulado do ano até julho em relação à moeda americana.

O IPP mede a variação dos preços dos produtos na porta de fábrica, sem impostos e fretes, de 23 setores da indústria de transformação. Vários desses segmentos são voltados para exportação ou produzem insumos cotados em dólar.

Entre junho e julho, setores cujos contratos são fechados em dólar, como madeira e fumo, tiveram algumas das maiores quedas, de 0,96% e 0,34%, respectivamente. "Por essa razão, vários setores vêm apresentando queda nos preços de seus produtos", disse o especialista do IBGE.

Entre junho e julho, 17 das 23 atividades que integram o IPP tiveram recuo nos preços. A maior baixa foi de impressão (- 2,15%), e alimentos, setor que recuou 1,18%. Entre os setores que tiveram aumento no preço, o IBGE destacou minerais não metálicos (0,55%) e refino de petróleo e produtos de álcool (0,51%).



Veículo: Valor Econômico