O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) de agosto caiu 0,55%, ante recuo de 0,56% em julho, diante de uma rodada adicional de produtos mais baratos no atacado, informou, na sexta-feira passada, a Fundação Getulio Vargas (FGV).

"As quedas ainda estão fortes, mas a tendência é perder força e estabilizar. O clima está favorável como há muito tempo não se via, a produtividade [das safras] é recorde, mas mesmo assim, chega uma hora em que esgota. No mês que vem, a taxa não deve ser tão negativa", avaliou o superintendente adjunto de inflação da FGV, Salomão Quadros. Ele, que acompanha de perto a evolução dos IGPs, se disse surpreendido nas últimas semanas pela renovação das quedas.

O IPA-10, que representa os preços no atacado, caiu 0,91% em agosto, em comparação à queda de 1,03% em julho. Por sua vez, o IPC-10, que corresponde à inflação no varejo, apresentou alta de 0,01%, após subir 0,24% no mês passado. Já o INCC-10, que mensura o custo da construção, teve elevação de 0,45%, após registrar aumento de 0,58%. Até agosto, o IGP-10 acumula aumentos de 1,70% no ano e de 4,82% em 12 meses. O período de coleta de preços para cálculo do índice foi de 11 de julho a 10 deste mês.

A deflação do setor agropecuário perdeu força no atacado. Os preços agropecuários caíram 2,20% no âmbito do IGP-10 referente a agosto, ante queda de 2,29% em julho. A deflação industrial atacadista também ganhou força, registrando queda de 0,43%, ante redução de 0,54% no mês passado.

Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais caíram 0,51% neste mês, em comparação ao recuo de 0,82% no índice de julho. Por sua vez, os preços dos bens intermediários caíram 0,10%, após recuarem 0,24% em igual tipo de comparação. Já os preços das matérias-primas brutas intensificaram o ritmo de redução, com recuo de 2,38% em agosto, em comparação com a baixa de 2,19% um mês antes.

Ainda no atacado, a soja ficou 4,55% mais barata, o trigo recuou 12,40% e os bovinos, apesar de estarem às portas do período de entressafra, cederam 1,01%. O milho em grão caiu menos do que em julho, mas ainda assim com força: a queda foi de 8,03%.

Por outro lado, os alimentos in natura, que dependem mais da produção doméstica, já ensaiam uma volta à estabilidade, após fortes reajustes para baixo passada a estiagem do início do ano. Os produtos caíram 5,28%, menos do que em julho. Dos produtos ligados à indústria, o minério de ferro seguiu em queda, 5,93% mais barato no mês.

Com o fim da Copa do Mundo, preços de serviços que ganharam impulso às vésperas do evento também começam a ceder, como é o caso de passagens aéreas e hotéis. Os dois itens ficaram no negativo e colaboraram para a inflação no mês. Na esteira dos descontos concedidos a quem economiza água em São Paulo, a taxa de água e esgoto caiu 1,4% e foi outro impacto importante.

Veículo: DCI