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17/03/2014 07:48 - Interior já representa 4% do PIB do comércio

As cidades do interior já crescem duas vezes mais do que as capitais, puxadas pelo desenvolvimento do varejo. O setor já representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) das cidades interioranas, contra os 1,6% nas capitais. As oportunidades no interior também saem na frente e a oferta de emprego é duas vezes maior. Cerca de 70% população interiorana tem renda per capita 4,3% maior que a renda media, enquanto nas capitais, 24% da população tem renda 3,5% maior que a média contabilizada (na comparação entre 2013 e 2009).

O mercado interiorano tem alto potencial de crescimento e conta com a chegada de novos players. Enquanto as cidades do interior desenvolvem-se e recebem cada vez mais investimentos, nota-se que o consumidor da região é significativamente mais atento ao ponto de venda (PDV).

Nas pequenas e médias cidades, independentemente do poder aquisitivo, percebe-se que o consumidor adere mais ao boca a boca, visita diferentes lojas em busca de promoções e valoriza mais a relação custo-benefício. A Nielsen, companhia que analisa o comportamento dos consumidores, avalia que as possibilidades das empresas consolidadas no comércio das regiões menores estão em alta. Mesmo dentro de um mercado interno consolidado e um mix de produtos diversificado, a receptividade do público interiorano para novos gostos e costumes é pequena. Ali, o consumidor é mais tradicional e prefere marcas por ele mais conhecidas e regionais. É aí que as empresas locais mantém seu mercado.

Segundo Jonathas Rosa, executivo da Nielsen especializado em varejo, as grandes marcas têm 39% menos penetração nos lares do interior que o contabilizado nas capitais. Rosa, a partir de dados recolhidos para pesquisa, associa a essa diferença fatores como logística e tradições de cidades pequenas. As grandes varejistas, que têm maior mercado nas capitais, têm perto dali seu centro de distribuição, distante de cidades menores e, portanto, custo maior na entrega, inclusive pela logística brasileira, falha.

O Laticínio Canto de Minas, com fábrica em Ituiutaba (MG), cresceu significativamente nos últimos cinco anos. A empresa de médio porte, sediada na região leiteira do Triângulo Mineiro, conseguiu expandir a distribuição de seus produtos para Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá. Cerca de R$ 1 milhão é o faturamento mensal dos estados de Minas e Goiás. Não é coincidência. Os estados têm atividades econômicas e mercados similares, o que garante espaço e, dado os aprimoramentos feitos, o reconhecimento da marca na região. A empresa se aproxima de uma capacidade saturada e planeja a construção de nova fabrica para ampliar a sua produção nos próximos anos.

Redes de franquias, já consolidadas nas capitais, começam a migrar para interiores mais distantes dos grandes centros - mesmo Ribeirão Preto (SP) já é considerado mercado saturado. Há novos players no mercado. Chiquinho Sorvetes, Não + Pêlo, PinkBiju consolidam suas operações no interior. São formatos de expansão que buscam alcançar um público que conhece a marca, mas a ela não tinham acesso frequentemente.

Algumas empresas têm feito isso por meio de joint ventures.

Os especialistas em indústria e varejo da Nielsen estimam que as empresas com maior potencial de receptividade de investimento são Angatuba (SP), Araquari (SC) - onde está instalada a fábrica da BMW no Brasil -, Ribeirão das Neves (MG), Itapemirim (ES) e São Gonçalo do Amarante (RN). A aposta nessas cidades é consequência dos recém-investidos US$ 100 milhões, no mínimo, em cada uma delas. Segundo o mapeamento são novas economias que se destacam pelos potenciais de alavancagem de gastos.

Mercado

As constatações sobre possibilidades para o mercado não isentam industriais e varejistas da atenção à clientela, entretanto. O consumidor está cada vez mais exigente, a inflação está mais alta, os empréstimos estão menores e o endividamento da população não pode passar despercebido, veem especialistas. O preço da cesta básica subiu e está em jogo não as compras, mas as opções por determinadas marcas.

Pesquisa da Nielsen apurou que o a sociedade não irá, de forma alguma, abrir mão do que já conquistou. "A prioridade do consumidor é manter seu bem estar". Dado o atual cenário da macroeconomia brasileira, morno e difícil, uma análise prevê que, caso seja necessária redução imediata de gastos, ela acontecerá primeiro no corte de consumo fora do lar (viagem, restaurante), intensificação da busca por custo benefício, realização de uma única compra por mês, produtos de custo menor e, só por último, o racionamento da compra. Os brasileiros apresentam taxa de elasticidade 80% maior que nos demais países da América Latina. Isso significa que o público se adapta aos produtos, mas não aos preços elevados de marcas.



Veículo: DCI

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