Economia
04/12/2013 08:10 - Consumo forte do 3º tri afeta gestão monetária
O comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deixou mais complicada a gestão das políticas econômica e monetária. Para os economistas, a queda de 0,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, com ajuste sazonal, refletiu apenas em parte o aumento da taxa básica de juros. O maior impacto, dizem, virá nos próximos meses. Por outro lado, o resultado do PIB só não foi pior, porque foi puxado pelo consumo.
Embora a economia brasileira dê sinais de estagnação - e a maioria dos economistas projeta que o crescimento no ano vai ficar entre 2,2% e 2,5% - semelhante aos 2,3% registrados nos últimos quatro trimestres -, foi o consumo das famílias e do próprio governo que salvou o PIB de um resultado ainda pior. Enquanto o PIB caiu 0,5% em relação ao segundo trimestre, a demanda das famílias cresceu 1% e o do governo, 1,2% em igual comparação. O investimento, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caiu 2,2%.
A Rosenberg Associados estimou que a absorção doméstica - calculada pela soma das contribuições do consumo das famílias, do governo e da FCBF - contribuiu com 3,9 pontos percentuais na formação do PIB do terceiro trimestre, que cresceu 2,2% na comparação com igual período do ano passado. O setor externo, por outro lado, calculado através do resultado das exportações menos importações, subtraiu 1,8 ponto percentual do PIB, na mesma comparação. "Na série trimestral, há uma melhora consistente na absorção doméstica. Ano que vem o governo deve manter o consumo no patamar atual, a FBCF vai desacelerar e o consumo das famílias deve crescer um pouco", afirma a economista-chefe da consultoria, Thaís Zara.
Na avaliação da Rosenberg & Associados, o investimento encerrará 2013 com alta de 6% e de 2,5% em 2014, o consumo do governo passará de 2,0% para 2,1%, e o consumo das famílias, de 3,5% para 4%.
Olhando para 2014, o economista Armando Castelar Pinheiro, coordenador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), é enfático: analistas e empresários veem problemas no modelo econômico atual. "Mas não é assim que o povo vê. Para eles, o consumo está grande, a gasolina está barata e há crédito farto para bens de consumo", diz. "O modelo falhou para quem acompanha [ a economia], mas não falhou para quem vota."
Para Castelar, após encerrar 2013 com expansão de 2,4%, o PIB deve desacelerar, com uma alta de apenas 1,8% no próximo ano. O dinamismo visto em investimentos e na agricultura não deve se repetir no próximo ano. E, em serviços, as dúvidas ocorrem em razão de a massa salarial, assim como o crédito, subir em ritmo mais lento. Se vier, o sinal positivo, diz Castelar, será de um eventual impacto benigno da desvalorização cambial sobre as exportações.
Dois economistas do mercado financeiro - Tony Volpon, da Nomura Securities, e Cristiano Oliveira, do Banco Fibra - acham que o resultado pode afetar a política monetária. "Apesar do lado fiscal problemático e da dinâmica da taxa de câmbio, os dados econômicos recentes e os próximos indicadores apontando para uma fraqueza maior em 2014 vão levar o BC a parar [o ciclo de aperto]", escreveu Volpon, que não descarta a possibilidade de um novo resultado negativo no PIB do quarto trimestre, o que ele ressalta que levaria o país a uma recessão técnica.
Para Oliveira, do Fibra, o desenho macroeconômico se mostra complicado e a dúvida que surge conforme se caminha para um 2014 de crescimento abaixo de 2% e inflação perto ou acima de 6% é se o governo vai conseguir evitar o ajuste necessário.
Segundo o economista, é uma questão de preço: "o governo consegue conviver com um real depreciado, curva futura "empinada" e maiores prêmios de risco?" Outra questão que ele coloca é: "até que ponto o emprego e a renda vão resistir a esse quadro em deterioração"?
Oliveira aponta que a política fiscal na contramão do aperto monetário resulta em diferentes taxas de absorção doméstica e crescimento do PIB. Tal fator, aliado à diferença entre a taxa de poupança - hoje em 15%, contra os cerca de 17% dos últimos anos - e a necessidade de uma taxa de investimento crescente -, exige que se amplie o uso de poupança externa. Não por acaso o déficit em conta corrente está beirando os 4% do PIB.
Oliveira prevê crescimento de apenas 1,5% para 2014, com viés de baixa, mas isso não vai se traduzir em menor inflação, já que o prognóstico é de IPCA em 6,3%, reflexo do fim dos efeitos das medidas pontuais que tiraram força dos preços administrados ao longo de 2013, como redução de tarifas de luz, corte de impostos na cesta básica e 'represamento' de aumentos no transporte urbano. Para este ano, o Fibra estima alta de 2,2% do PIB.
O Nomura vê o PIB avançando 1,7% em 2014, após crescimento de 2,1% neste ano (2,4% era a previsão anterior). Segundo Volpon, o crescimento abaixo de 2% no próximo ano deve aumentar a probabilidade de pressão sobre as notas de risco do país.
Para Oliveira, as notas de crédito também correm risco, se tal quadro se configurar, e o rebaixamento viria com nota em viés negativo, ou seja, com nova chance de revisão para baixo.
"No fim, apenas uma revisão das políticas econômicas de forma ampla pode melhorar o quadro de crescimento de forma significativa, algo que não vislumbramos antes do encerramento do atual ciclo eleitoral", concluiu Volpon.
Veículo: Valor Econômico
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