Economia
30/07/2013 10:29 - Desaceleram as vendas em shoppings e ações caem
A queda prevista pelo mercado no ritmo de crescimento de alguns indicadores de shopping centers no segundo trimestre começa a se confirmar com a publicação dos primeiros números das grandes empresas de capital aberto desse setor. Depois de a Aliansce Shopping Centers ter apresentado prévia de resultado com aumento de 8,6% nas vendas de lojas com mais de um ano de operação - abaixo da média de 10,9% dos últimos seis trimestres - a Multiplan apresentou, para o mesmo indicador, alta de 5,8%. É a menor taxa desde o terceiro trimestre de 2009, quando atingiu 5,6%. O mês de junho com desempenho fraco explica em parte a desaceleração.
As ações de todos os grupos de shoppings centers com capital aberto registraram queda na bolsa ontem, numa retração maior que a do Ibovespa, que encerrou o pregão em queda de 0,42%. A BR Malls, a líder do setor, fechou em queda de 2,93%. Multiplan caiu 2,34% e a Aliansce, 3,37%.
Há sinais de que julho registra taxa de crescimento nas vendas num índice superior a junho, apurou o Valor. Mas empresas do setor de shopping centers preferem adotar posição de cautela e vão esperar os dados consolidados do fim do mês para apresentar uma avaliação mais precisa.
Os comandos de Aliansce e Multiplan ressaltam - e a direção de BRMalls e Iguatemi podem fazê-lo também em seus anúncios de resultados - que se tratou de um mês de junho atípico, com manifestações populares que afastaram cliente ou fizeram as empresas fecharem alguns shoppings por horas. Os jogos da Copa dos Confederações no fim da tarde, período de aumento da frequência nos shoppings, também atrapalharam.
De forma individual, porém, ainda há outras questões que pesam na conta. Reformas, troca de portfólio de lojas e, por consequência, aumento nas despesas operacionais com aberturas de empreendimentos tendem a afetar os números. Como, porém, são empresas que acumulam desempenho positivo, esse impacto acaba sendo absorvido nos resultados de um trimestre.
Analistas entendem que há questões pontuais que afetaram alguns resultados no segundo trimestre, mas não veem problemas estruturais no negócio, com as grandes companhias mantendo a recomendação de compra dos papéis no mercado. "A empresa continuará navegando, apesar do mar mais agitado", disse ontem, para analistas, José Isaac Peres, presidente do conselho de administração da Multiplan, com 17 shoppings no portfólio como Morumbi Shopping e o Village Mall.
"Quem tiver bons ativos, bem localizados e bem geridos vai sentir menos. Mas esses momentos de ajustes são bons, porque mostram como não é fácil atuar nesse setor", disse ao Valor Renato Rique, um dos fundadores e acionista da Aliansce.
Dados referentes à prévia dos resultados da Aliansce e o balanço da Multiplan mostram receita de vendas "mesmas lojas" (abertas há pelo menos um ano) e de aluguéis com menor força de abril a junho, em relação ao segundo trimestres dos dois anos anteriores, mas houve aumento na taxa de ocupação e queda na inadimplência. Estes dois indicadores são termômetros importantes e se forem afetados, indicam problema estrutural no negócio. "Se vacância e inadimplência subirem, será sinal de que o mercado está sendo afetado pela desaceleração", diz Henrique Guerra, diretor executivo da Aliansce.
Relatório de resultados da Multiplan mostra aumento de 23,8% na receita líquida, com as despesas operacionais também subindo 24%. A margem Ebitda de shopping centers caiu de 69,1% para 68,2%, e a margem Ebitda consolidada (shoppings e área imobiliária) não cresceu e ficou em 62,9%. Houve alta no lucro, de 11,5%, para R$ 70,3 milhões, de abril a junho.
Relatório da equipe de análise do BTG Pactual, reforça que, ao se descontar o efeito de junho do balanço, as vendas "mesmas lojas" da Multiplan subiriam 7,3%, ritmo semelhante ao de trimestres anteriores. Apesar da falta de fluxo de caixa operacional por ação da Multiplan (índice caiu no semestre), o BTG manteve as estimativas e avaliação inalteradas. "Vemos tanto a quebra de receitas e de pressão sobre as margens como temporário, em vez de dados estruturais de uma desaceleração mais ampla e potencialmente mais preocupante no setor", afirmam em relatório os analistas do banco, Marcello Milman e Gustavo Cambauva.
Esse debate sobre o fôlego dos shoppings cresce porque existem questionamentos hoje a respeito de uma possível extensão da desaceleração do varejo ao mercado de shoppings. E o indicador de vendas "mesmas lojas" (há mais de um ano em operação) mostra desaceleração. Também ajudou a reforçar essa cautela maior dos analistas a informação de que a Multiplan investiu mais R$ 150 milhões neste ano em três empreendimentos já entregues, o que poderia ser entendido como reforço de capital em ativos que precisavam de novos investimentos.
"Isso é natural, mesmo quando se termina um shopping, nem tudo está pronto", disse Armando d'Almeida Neto, diretor vice-presidente e de relações com investidores da Multiplan. "Tivemos resultados operacionais muito bons, ao se considerar todos os fatores que afetaram junho", disse ele, ao citar 15% de alta no lucro líquido operacional e queda no índices de inadimplência de abril a junho.
GGP deixa Aliansce e embolsa R$ 1,5 bilhão
A Aliansce Shopping Center finalizou acordo de mudanças no bloco de controle da companhia, informou ontem em comunicado. Com essa operação, a americana General Growth Properties (GGP) deixa o país, com a venda de sua participação de 27,58% no capital da empresa para a Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB). Outra fatia da GGP de 12,41% foi comprada pela Rique Empreendimentos e Participações, do empresário Renato Rique, um dos fundadores da Aliansce.
A CPPIB já é sócia da Aliansce no Shopping Iguatemi Salvador, e vai pagar US$ 480,9 milhões pela parcela pertencente à GGP. Rique, por sua vez, acertou a aquisição dos 12,41% por R$ 453,7 milhões. Com a negociação, o empresário passa a deter 23,59% do capital da Aliansce. A negociação envolveu, portanto, valor total de pouco mais de R$ 1,5 bilhão, que vão para o caixa da GGP. Os americanos decidiram sair do negócio porque têm focado o crescimento em ativos nos EUA. Rique sondou outros investidores no processo de negociação, mas os canadenses decidiram ficar com toda a fatia da GGP, apurou o Valor.
"Nós vemos o Brasil como um investimento a longo prazo e com um processo futuro de consolidação que deve levar à manutenção de algumas poucas empresas no setor no país. Mas nós queremos nos manter nesse mercado no Brasil", disse ao Valor Peter Ballon, chefe da área imobiliária da CPPIB nas Américas. Com base no valor da transação e no número de ações vendidas, cada papel saiu por R$ 24,28, com prêmio sobre o preço da ação, que fechou ontem em R$ 20,10. A CPPIB excercerá o controle compartilhado da Aliansce com Rique.
Veículo: Valor Econômico
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