Economia
20/05/2013 10:21 - Estímulo ao setor produtivo pode sustentar o Brasil
Pesquisa destaca problemas gerados pelo alto custo de investimentos.
Diante de números preocupantes como um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9% em 2012 e de uma inflação acumulada nos últimos 12 meses batendo à casa de 6,49% (IPCA/IBGE), aumenta o coro dos que defendem o estímulo ao setor produtivo como a única saída para se garantir o desenvolvimento sustentado do país. Como agravante, desponta o alto custo de investimentos no Brasil, considerando principalmente o papel da inversão fixa, o que, em uma economia globalizada, pode desviar aportes para países com condições mais atrativas.
Segundo apurou pesquisa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em 2010 o Brasil se posicionou como o 13º mais caro entre 54 países. O estudo compreende o período entre 1985 e 2010. Mas, para a entidade, "apesar do aprofundamento do capital galgado a partir de 2004, o recuo do investimento no Brasil no ano passado e o claudicante início de 2013 acendem o sinal de alerta".
A estimativa do custo total do investimento foi feita pelo Iedi tomando por base a evolução do custo da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - medida do que o país gasta em máquinas e equipamentos e em obras de construção - mais a variação de estoques. A comparação de preços com outros países foi feita a partir de uma base de dados da Universidade da Pensilvânia (EUA), que tem como referência o preço do PIB dos EUA igual a 100.
Para o Iedi, embora em 2010 e 2011 as taxas de investimentos tenham sido mais elevadas, gerando um crescimento do PIB de 7,5% e 2,7%, respectivamente, "o ano de 2012 pôs em xeque a consistência dessa aparente retomada, principalmente quanto ao papel da inversão fixa", que consiste na aquisição de imóveis, máquinas, veículos e instalações, necessárias para a instalação dos empreendimentos.
O estudo aponta duas dimensões a serem analisadas na perspectiva do preço dos investimentos no Brasil: o preço "fixo", comparado com outros países; e o preço relativo, em que o empreendedor tende a se arriscar mais, quando há perspectiva de maior retorno real em períodos futuros.
Considerando o preço "em si" do investimento no Brasil, em relação a 52 países, em 1985 o país registrava um dos menores índices, com 30,8 pontos. Já em 2000, o preço do investimento no país alcançou 48,9 pontos, colocando o Brasil como o 39º mais alto entre 54 países. Índice um pouco abaixo do registrado pela África do Sul, mas acima dos patamares observados nos demais países dos Brics e, ainda, dos países do Asean-4 (Filipinas, Indonésia, Malásia e Tailândia).
A partir de 2003, o preço do investimento passou a crescer, mesmo com apreciação cambial, que costuma baratear os bens de capital transacionáveis (máquinas e equipamentos). Em 2008 alcançou 83,4 e, em 2010, o preço da inversão atingiu 94,3 pontos, colocando o país como o 13º mais caro entre 54 países para se investir. Ficou acima do registrado por quatro países do G7 (EUA, Alemanha, Itália e Reino Unido), dos Tigres Asiáticos, dos integrantes do Asean-4 (exceto a Indonésia) e dos demais Brics.
O estudo indica que, para o Brasil interromper e reverter o processo de aumento do custo de investimento, "deve se debruçar sobre a evolução do preço do FBCF, mas não no quesito máquinas e equipamentos, e sim, nos valores de construção e instalação, que estariam pressionando os aumentos.
De todo modo, a indicação do Iedi é de que seja barateado o investimento em máquinas e equipamentos, para compensar o Real menos valorizado. O que pode se feito por meio de política de redução de custos de bem de capital, depreciação para a aquisição das máquinas e equipamentos, e menores custos de financiamento.
Preço relativo - Quanto ao preço relativo da inversão fixa, o estudo aponta declínio desde 2010, o que favorece a decisão de investir. "Aliás, tirando 2007 e 2008, a diminuição do preço relativo da FBCF vem ocorrendo desde 2005, o que é um dado positivo", indica o estudo. Pois, se a FBCF capitaneou o crescimento entre 2003 e 2008, "tal processo foi acompanhado de recuo no preço relativo em boa parte do período".
A conclusão é de que os investimentos realizados até 2008, ano do início da crise, foram feitos mesmo com aumento dos preços de inversão. Com a mudança de cenário, recuo de investimentos em 2012 e "o claudicante início de 2013", foi aceso o sinal de alerta. "Resta ao país adequar as políticas econômicas para a FBCF ser protagonista. E, entre outros condicionantes, isso requer baratear seus custos", indica o Iedi.
Veículo: Diário do Comércio - MG
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