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14/05/2013 10:32 - 'Injeções monetárias' afetaram eficiência do Brasil, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff aproveitou a abertura do 31º Encontro Econômico Brasil-Alemanha para defender a política econômica do seu governo e reforçar a tese segundo a qual a política monetária e cambial dos países ricos são a principal causa da perda de competitividade da indústria brasileira. Para Dilma, as "injeções monetárias pressionaram moedas de emergentes, que se valorizaram e afetaram nossa competitividade". Como resposta, afirmou, o governo está procurando tomar medidas para criar um ambiente mais saudável e competitivo para as empresas brasileiras, além de procurar eliminar gargalos de produção e tornar o país mais atrativo para empresas estrangeiras, "em especial as alemãs".

O discurso de Dilma - e também um breve pronunciamento à imprensa, ontem, em São Paulo - foi acompanhado pelo presidente alemão, Joaquim Gauck, que afirmou que sabe que o Brasil tem posição divergente da Alemanha em questões de política monetária, mas que não conversou sobre isso na reunião que teve com a presidente brasileira. "Estou numa posição privilegiada, sou apenas presidente. Posso me dar ao luxo de deixar o tema para o ministro responsável", afirmou, em referência ao sistema de governo de seu país, em que o primeiro-ministro é o chefe do Executivo.

A presidente Dilma ainda aproveitou o evento para defender a transformação do país, inclusive fiscal, uma área na qual às críticas ao governo têm crescido, especialmente pela atuação do secretário do Tesouro, Arno Augustin, agora reforçado no Ministério da Fazenda com a saída anunciada do secretário-executivo, Nelson Barbosa. Dilma lembrou que a dívida pública líquida recuou para 35% do Produto Interno Brito (PIB) e o país alcançou a solidez fiscal por meio de "política de gastos austera e política de estímulo ao crescimento".

Entre as medidas que o governo brasileiro adotou, Dilma destacou a "racionalização de impostos, a redução da tributação sobre a folha de pagamento para a indústria, a unificação tributária para pequenas empresas e a desoneração da cesta básica". Na área financeira, Dilma voltou a afirmar a importância da convergência do juro para patamares mais próximos daquele praticados no mercado internacional. "Nesse cenário é fundamental a parceria entre governo e a CNI [Confederação Nacional da Indústria] em torno do programa de formação de mão de obra no Brasil, que permite melhoria da produtividade através da educação."

Dilma afirmou, ainda, que a relação do país com a Alemanha é "exitosa", com mais de 1,6 mil empresas alemãs instaladas no Brasil. "Essas empresas dão contribuição importante, de 8% a 12% do PIB", afirmou. Em contrapartida, Dilma disse que já há 50 empresas brasileiras instaladas na Alemanha, e que o comércio bilateral entre os dois países triplicou em dez anos, chegando a R$ 21 bilhões em 2012. "Somos o maior parceiro comercial da Alemanha na América Latina", disse. Para Dilma, os bons números não "devem ocultar dos riscos econômicos e financeiros". "A crise só será superada por meio da cooperação e por políticas de desenvolvimento que enfatizem o crescimento inclusivo e mais competitividade", afirmou.

Para Gauck, o Brasil conseguirá crescer mais se retirar as barreiras que hoje travam seu desenvolvimento. O presidente da Alemanha se declarou impressionado com os avanços do Brasil. "O que nos impressionou não foi apenas a estabilização da economia brasileira, mas também a pequena taxa de desemprego e as inovações feitas", disse, após participar a reunião e o almoço com a presidente Dilma.

Dilma ainda lembrou que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil foi o país "que mais reduziu emprego desde o início da crise, entre 2008 e 2012". A combinação entre a evolução positiva do mercado de trabalho, os programas de transferências de renda e o crescimento da economia permitiram "expressiva mobilidade social no país", afirmou Dilma. Mais de 36 milhões de pessoas deixaram a extrema pobreza e hoje 100 milhões de brasileiros estão na classe média, "consolidando o Brasil como país de classe média", disse.



Veículo: Valor Econômico

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