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21/03/2013 13:29 - Emprego formal cresce mais na indústria

Mesmo com ritmo de crescimento inferior ao do ano passado, a criação de empregos em fevereiro reforçou sinais de recuperação da economia. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgados ontem, mostram que o saldo entre contratações e demissões na indústria no mês foi de 33,5 mil, 70% mais do que o registrado em igual período de 2012. Entre os 12 segmentos do setor monitorados pela análise, 10 abriram mais vagas formais, indicando que a retomada é generalizada.

No total dos setores, fevereiro terminou com 123,4 mil novas vagas. Esse saldo, apesar de 18% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, ficou acima da média das projeções apurada pelo Valor Data, de 98,6 mil novas vagas no mês. O setor de serviços também surpreendeu e foi responsável pela maior parte da geração líquida de postos - 82 mil novos empregos com carteira assinada. Houve crescimento em todos os seis ramos do setor observados pelo Caged, com ensino respondendo por metade dos postos criados, um recorde para o período.

A expansão quase generalizada na criação de vagas na indústria, porém, foi o que chamou a atenção dos especialistas e foi avaliada como "bom sinal". "Esse setor é o primeiro a sentir qualquer mudança no ritmo de crescimento, que depois é irradiado para as demais áreas. O resultado positivo mostra que a atividade pode estar mesmo se recuperando", afirma Fabio Romão, da LCA Consultores.

A indústria teve o pior desempenho entre os setores no ano passado, com queda de 2,7% na produção ante 2011. O economista prevê que a indústria crie 200 mil postos formais neste ano, patamar semelhante ao de 2011. Entre 2004 e 2008, de acordo com a consultoria, o número médio de abertura de vagas formais na indústria foi de 319 mil. O valor chegou a 519 mil em 2010 e caiu para 51 mil no ano passado, quando o setor teve um desempenho fraco.

A média prevista para 2013, diz Romão, é suficiente para assegurar uma retomada que sustente o avanço de 3,5% no PIB previsto pela LCA, apesar da expectativa de que os indicadores de produção industrial de fevereiro venham menores do que os 2,5% de crescimento, divulgados para o mês de janeiro.

Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, cita a queda de 2,3% na prévia de março da pesquisa do Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também divulgada ontem, para afirmar que é preciso "olhar com cuidado" os números de geração de emprego de fevereiro. "Houve recuperação, mas o ritmo de criação de novos postos continua em queda", argumenta.

A desaceleração, para Fabio Ramos, da Quest Investimentos, "é saudável". Ela ainda não ameaça o nível de emprego, afirma o economista, e, caso o emprego voltasse a crescer nos patamares de anos anteriores, de 200 mil novas vagas por mês, pressionaria a inflação. O saldo de fevereiro mostra uma "redução no tamanho do pessimismo" e indica que a economia "parou de piorar", diz Ramos.

Para o economista da Quest, "o ano começa melhor. Acreditamos que o primeiro trimestre crescerá de maneira mais acelerada, mas é ainda muito cedo para afirmar se a tendência vai se estender até o fim de 2013."

O Caged de fevereiro registrou 1,7 milhão contratações, 1,6 milhão de demissões e um saldo de 1,1 milhão de empregos formais nos últimos 12 meses. Foram fechadas vagas no comércio (-10.414), agricultura (-9.775) e serviços industriais de utilidade pública (-57 vagas). Em 2012, o país gerou 1,3 milhão de empregos, na série com ajuste sazonal, que considera as declarações de criação ou fechamento de vagas de empresas entregues fora do prazo.

Entre as altas mais expressivas do setor industrial, na aferição do Caged para o primeiro bimestre, estão material de transporte (10 mil novas vagas em 2013 contra 777 em igual período de 2012) e têxtil e vestuário (12,1 mil ante 4,7 mil no ano passado).

No segmento de mecânica, que engloba as empresas que fabricam máquinas e equipamentos, o saldo líquido de vagas no primeiro bimestre deste ano alcançou 11,6 mil postos, um aumento de mais de 100% em relação ao ano passado. Na mesma comparação, apresentaram retração apenas os subsetores de papel e papelão, em que houve corte de 322 postos ante o registro de criação de 6 vagas, química e produtos farmacêuticos, que reduziu o saldo de 8,4 mil para 7,9 mil vagas, e alimentos e bebidas, que cortou 7 mil empregos no primeiro bimestre, depois de registrar 4,9 mil contratações.



Veículo: Valor Econômico

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