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20/11/2012 10:09 - Investimento chinês confirmado no Brasil chega a US$ 24 bilhões

Depois da vinda de grandes empresas para investimento na produção de commodities e em infraestrutura, e numa segunda fase, para fabricação de automóveis, principalmente, o Brasil está prestes a uma terceira onda de investidores chineses, garante o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), embaixador Sérgio Amaral. São empresas de menor porte, produtoras de máquinas e equipamentos, mas também do agronegócio e instituições especializadas em serviços financeiros.

"Além do agronegócio, os serviços financeiros são uma área promissora para os investimentos chineses no Brasil", comentou Sérgio Amaral ao Valor, ao lembrar que desde setembro, após obter autorização para operar no Brasil, o gigantesco Industrial Commercial Bank of China (ICBC) finaliza os preparativos para operar no financiamento ao comércio bilateral e no financiamento à infraestrutura e manufatura no país. Com ativos globais de US$ 2,7 trilhões, o ICBC se junta ao Banco da China, no país, ainda timidamente, desde 2009.

Amaral diz que a vinda dos bancos chineses deve dar fôlego ao acordo firmado em junho por Brasil e China para operações de crédito em moeda local. No fim de novembro, uma missão de funcionários chineses deve vir ao Brasil para discutir com o Banco Central a aplicação do acordo. "Vai ser um impulso ao comércio e investimento: as empresas brasileiras poderão operar na China em reinminbi (yuan) e as chinesas, no Brasil em real", prevê.

Na próxima semana, virá ao Brasil outra missão chinesa, para discutir possibilidades de comércio e associação no setor de máquinas e equipamentos para a indústria. Ainda neste ano, virão também empresários da China para explorar oportunidades no agronegócio. Os chineses dispensaram as visitas a áreas rurais, querem falar a empresários e autoridades brasileiras.

Discretamente, intensificou-se a movimentação entre os dois países. As perspectivas do agronegócio em parcerias com os chineses é um dos principais temas, amanhã, em São Paulo, do seminário promovido pelo CEBC, aberto pelo vice-presidente da República, Michel Temer, com dirigentes das principais empresas com atuação nos dois países e especialistas como Nicholas Lardy, do Peterson Institute for International Economics e Luo Xiaopeng, do Carnegie Endowment for International Peace.

No seminário, será divulgado levantamento do CEBC encomendado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), segundo o qual, dos 60 projetos de investimentos chineses no Brasil, acima de US$ 50 milhões anunciados de 2007 a junho de 2012, 65% estão confirmados - mais de US$ 24 bilhões, em 39 projetos em execução.

Os 60 projetos, de 44 empresas, se concretizados, têm, segundo o Conselho, potencial para gerar 20 mil empregos diretos nos próximos cinco anos. O levantamento considerou projetos a partir de US$ 50 milhões e constatou que os investimentos da China no Brasil pertencem a 44 empresas daquele país, na maioria com capital do governo chinês. Sete delas são ligadas às principais estatais atuantes na economia chinesa, como State Grid, no setor elétrico, e Sinopec, de petróleo e petroquímica.

Segundo os dados do Banco Central, o estoque de investimentos chineses no Brasil saltou de US$ 8,5 bilhões para US$ 10,4 bilhões, pelo conceito de investidor final (quando a origem do capital da empresa está no país apontado como investidor, mesmo que a empresa esteja em outro local). Esses recursos estão, principalmente nos setores de extração de petróleo e gás mineral (66%), extração de minerais metálicos (17%), e serviços financeiros e atividades auxiliares (3%). Há ainda ceticismo no governo, porém, sobre a real dimensão a ser alcançada pelo investimentos que os chineses têm anunciado nos últimos anos para o Brasil. Os valores registrados pelo BC têm sido bem inferiores aos anunciados pela China.

Desde ontem, em Pequim, autoridades brasileiras, entre elas a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, participam da reunião da subcomissão econômico-comercial da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban). Na pauta, os obstáculos para investimentos entre os dois países, como a recusa dos chineses em facilitar, com a inclusão em regimes especiais tributários, a importação de insumos e componentes de empresas brasileiras instaladas no país.

Os chineses, segundo importante integrante da diplomacia brasileira, têm mostrado interesse em atender à principal reivindicação do governo brasileiro, que cobra aumento no valor agregado dos produtos vendidos pelo Brasil à China. Os dois governos têm trocado informações sobre listas de fornecedores brasileiros para pouco menos de 500 produtos considerados de importação prioritária nos planos do governo chinês. Na viagem a Pequim, Tatiana Prazeres é acompanhada de empresas brasileiras da indústria de alimentação.



Veículo: Valor Econômico

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