Economia
06/09/2012 11:44 - Serviços e alimentos respondem por 39% do IPCA acumulado no ano
A inflação de 2012 ao consumidor é tanto concentrada como espalhada. No ano, apenas cinco produtos explicam 39% da alta de 3,18 % acumulada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao mesmo tempo, o índice de difusão (que registra quantos produtos subiram mesmo sem considerar o tamanho da alta) mostra que 65% deles subiram no mês passado. Esses dois "perfis" da inflação voltaram a aparecer no IPCA de agosto, que subiu 0,41%, exatamente o índice esperado na média dos 11 analistas consultados pelo Valor Data.
Na avaliação da coordenadora da coordenação do índice de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, serviços e alimentos explicam a inflação do ano. Das cinco maiores altas do ano, três correspondem a serviços e duas a alimentos. Juntos, esses cinco itens respondem por 39% da alta da inflação no ano. No acumulado de 2012 até agosto, o item que mais subiu no IPCA foi empregado doméstico, com alta de 9,9%. No mesmo período, o IPCA subiu 3,18%, para os quais o empregado doméstico contribuiu com 0,35 ponto percentual.
Além de empregado doméstico, no acumulado do ano, os outros destaques de alta em serviços foram aluguel residencial, com elevação de 6,85% e impacto de 0,25 ponto percentual, e cursos regulares, cujos preços subiram 8,35% e o impacto foi de 0,23 ponto percentual na inflação.
O indicador de agosto também mostrou que o corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) já não proporciona alívio inflacionário, uma vez que mobiliário, linha branca e automóveis - segmentos que receberam o benefício tributário -, registraram aumentos no mês passado.
"A grande redução de preço acontece logo depois do anúncio da medida. Depois de um período de acomodação, as lojas começam a reajustar preços de acordo com a demanda, mas num patamar inferior ao praticado anteriormente à medida", diz Fabio Romão, da LCA. Em agosto, os móveis ficaram 0,60% mais caros, enquanto os eletrodomésticos subiram 0,68%, com os fogões aumentando 1,92% e as geladeiras, 0,87%. Nos carros novos, o reajuste foi de 0,34%.
As concessionárias, de acordo com Eulina Nunes dos Santos, do IBGE, aproveitaram a grande demanda por veículos em agosto para aumentar os preços dos automóveis novos e recompor suas margens de lucro. "A demanda por carros aumentou fortemente porque a redução do IPI acabaria em agosto." Na semana passada, o governo estendeu a validade do benefício fiscal até outubro.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco apresentaram aceleração no ritmo de reajuste de preços entre julho e agosto. Embora tenha subido no mês passado 0,88%, menos que a alta de 0,91% de julho, o grupo alimentação e bebidas permaneceu como a principal fonte de pressão sobre o IPCA. Além de ainda refletir os aumentos nos in natura, o indicador de alimentos já aponta alta nas carnes, em decorrência do aumento nos preços dos grãos, que servem de base para a ração animal.
O IPCA de agosto registrou alta de 0,69% no grupo carnes, composto em cerca de 90% por carnes bovinas, mas que também inclui as carnes de porco e de carneiro. Em julho, esse mesmo grupo havia contabilizado queda de 1,13%. "Mesmo esperando uma aceleração por conta de carne de porco, não estava no radar uma variação positiva. Minha expectativa era de estabilidade no grupo", diz Bruno Surano, analista da Votorantim Corretora. Esse avanço nas carnes bovinas, observa Surano, pode ser explicado pelo aumento na demanda, devido ao encarecimento da carne de porco e das aves.
Com a pressão das carnes, os economistas apostam que os alimentos continuarão puxando a inflação até o fim do ano. Pelos cálculos da LCA, o grupo alimentação e bebidas tem espaço para subir 4,2% até dezembro, com as carnes ficando 14,3% mais caras. Nesse período, a consultoria espera aumento de 2,02% no IPCA, que acumularia alta de 5,2% em 2012.
Thiago Curado, da Tendências Consultoria, observa que uma parte das quedas praticadas pelo varejo ao longo de 2012 não se referiam ao IPI. "As lojas deram descontos extras na tentativa de aproveitar o otimismo do consumidor e alavancar vendas. O que vemos agora é a devolução de parte desses descontos", diz Curado, que espera elevações mensais entre 0,2% e 0,3% nos preços dos produtos beneficiados pelo corte do IPI nos próximos meses.
Esses aumentos, juntamente com os reajustes decorrentes de troca de coleção em vestuário e os avanços nos alimentos, devem manter o índice de difusão em patamar elevado até o fim do ano, afirmam os economistas.
Em setembro, segundo Curado, o IPCA deverá subir cerca de 0,50%, se aproximando do núcleo de inflação. Já no último trimestre do ano, o economista espera uma inflação média de 0,57% ao mês, acima da média dos núcleos, devido a maiores pressões provenientes de alimentos e combustíveis.
Veículo: Valor Econômico
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