Economia
17/07/2012 10:03 - FMI reduz previsão do PIB brasileiro
Quedas na demanda doméstica e nas vendas externas provocaram revisão na projeção de crescimento do Brasil para 2,5% neste ano
A economia brasileira não vai crescer 3,1% em 2012, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) havia projetado em abril passado. As quedas na demanda interna e nas exportações pesaram nos cálculos mais recentes do Fundo, que ontem anunciou uma projeção mais modesta para o Brasil, de crescimento de 2,5%. No Boletim Focus, pesquisa de mercado semanalmente feita pelo Banco Central, a estimava é ainda menos animadora: de 1,9% (ler ao lado).
Na revisão de suas projeções de abril, o FMI fez recuar em 0,1 ponto porcentual o crescimento do conjunto das economias emergentes. A atividade desse grupo se expandirá em 5,6% neste ano. Em 2013, em vez de uma expansão de 6,1%, o crescimento desse conjunto de países será de 5,9%. Os maiores dentre os emergentes, aqueles que vinham sustentando o crescimento mundial, são agora os mais atingidos.
"Muitas economias emergentes foram afetadas também pelo aumento da aversão do investidor ao risco e da contínua incerteza sobre o crescimento, que não apenas provocaram a queda nos preços das ações cotadas nas bolsas, mas também a saída de capitais e a desvalorização cambial", informou a nova versão do documento Panorama da Economia Mundial, do FMI.
A economia da China vai crescer 8% em 2012, ou seja, 0,2 ponto menos na comparação com o cálculo do FMI de abril. A Índia crescerá 6,1% (0,7 ponto menos). Para 2013, as novas estimativas do FMI apontam crescimento de 8,5% para a China (recuo de 0,3 ponto em relação à projeção de abril) e de 6,5% para a Índia (menos 0,7 ponto). A estimativa para o Brasil passou para 4,6% em 2013, uma melhora de 0,5 ponto porcentual.
O Panorama recomendou aos emergentes adotar medidas para reduzir suas vulnerabilidades, para o caso de possível piora na crise europeia e na situação econômica americana. Da mesma forma, os preveniu sobre os efeitos do afrouxo monetário a ser acentuado pela Europa e pelos Estados Unidos ainda neste ano como meio de estimular suas economias. Um desses efeitos pode ser a retomada dos fluxos de capitais das economias avançadas para as emergentes e a consequente pressão para a valorização cambial.
O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, ponderou haver espaço monetário também para os emergentes terem melhor desempenho econômico, mesmo sendo afetados pela redução da atividade nas economias avançadas.
Thomas Helbling, do Departamento de Pesquisa do FMI, complementou dizendo que o recuo na atividade tem sido deliberado no Brasil e na China, por causa dos sinais de sobreaquecimento da economia. Mas, para o próximo ano, o cenário deverá melhorar com a aposta do Brasil numa política monetária mais frouxa e da China na elevação de seus investimentos na construção de moradias.
Veículo: O Estado de S.Paulo
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