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06/07/2012 09:28 - Semestre foi perdido para a indústria, segundo a CNI

O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria recuou para 80,7% em maio,  ante 81% em abril, segundo a pesquisa Indicadores Industriais divulgada nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O resultado de maio apresenta o menor nível desde setembro de 2009.

Trezes dos 19 setores da indústria pesquisados registraram redução no Nuci. As maiores quedas foram verificadas nos segmentos de equipamentos de transporte (-5,8 pontos percentuais), metalurgia básica (-5,6 pp), couro e calçados (-4,6 pp) e veículos automotores (-4,5 pp). Apresentaram alta os setores de madeira (+3,5 pp), móveis (+1,6 pp), papel e celulose (+1,3 pp), química (+0,8 pp) e têxteis (+0,5 pp).

O estudo revela também que o faturamento real caiu 0,4% em maio ante abril, considerando dados dessazonalizados. Na comparação com maio do ano passado, houve um aumento de 5,9% no faturamento real. O número de horas trabalhadas em maio deste ano caiu 1,4% ante abril, considerando dados com ajuste.

Na comparação com maio do ano passado, a queda foi de 1,5%. O nível de emprego subiu 0,1% em maio ante abril, considerando também dados dessazonalizados. Na comparação com maio de 2011, houve queda de 0,5%. Os indicadores industriais indicam que a massa salarial real aumentou 5,3% em maio na comparação com maio do ano passado.

Com base nos indicadores apurados até maio, o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse que o primeiro semestre já foi perdido para o setor industrial. “Foi um período negativo, mesmo com dados até maio”, afirmou. Para ele, existe o risco de a recuperação da economia brasileira demorar mais para se concretizar.

Castelo Branco afirmou ainda que o número de maio confirmou que, no segundo trimestre, o ritmo industrial continuou se enfraquecendo. “A atividade, tanto do lado de vendas quanto da produção, foi menor do que em abril.” Segundo ele, a queda no uso da capacidade é um padrão claro ao longo desse ano. “A indústria está trabalhando com ociosidade crescente, corroborando os dados da sondagem industrial, que identificam nível de estoque além do desejado desde meados do ano passado”, afirmou.

O emprego praticamente manteve-se estável, segundo o economista, e o vigor de 2011 no mercado de trabalho deu lugar a uma acomodação. A massa salarial segue em alta pelo fator inercial, segundo a CNI, pois o emprego ainda não tem queda. O dado também reflete os dissídios que ainda incorporam ganho real relativamente alto.
Cenário confirma números apresentados pelo IBGE

Os dados da CNI confirmam os números divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na quarta-feira passada, a presidente Dilma Rousseff afirmou que vai “virar esse jogo”, mas muitos economistas esperam resultado fraco para o setor, apesar dos incentivos do governo.

“As dificuldades são mais profundas”, salienta o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “O que pode virar é uma mudança de expectativa, com retorno do investimento. Isso pode acontecer se os estoques se normalizarem, ou quando as condições se tornarem mais atrativas, com redução do custo do investimento”, afirmou o economista.

A confederação admitiu que vai rever para baixo a previsão de crescimento do setor neste ano, feita em março, que era de 2%. No mercado, as estimativas estão em 0,4%, conforme pesquisa do Banco Central. Segundo Castelo Branco, os números do segundo trimestre estão frustrando as expectativas do setor, que esperava melhora na crise externa e recuperação, por conta das medidas do governo.

Apesar de esperar resultados melhores no segundo semestre, o economista observou que isso vai depender da retomada dos investimentos, pois a fórmula de estimular a economia via consumo mostra esgotamento. A CNI também avalia que não se deve esperar muita contribuição do câmbio próximo de R$ 2,00 ainda neste ano. Embora aumente a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, a cotação mais alta não compensa a retração da demanda dos países que consomem os produtos brasileiros, avaliação que também é feita pelo governo.

A consultoria Tendências diz que os indicadores de maio revelam que o setor permanece estagnado ao longo do segundo trimestre. Para junho, projeta aumento da produção em relação a maio, mas queda na comparação com junho de 2011



Veículo: Jornal do Comércio - RS

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