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22/06/2012 09:01 - PIB fraco ajuda a domar inflação

A crise econômica europeia e a baixa atividade no mercado interno fizeram a inflação perder fôlego de mais de 1,5 ponto percentual no primeiro semestre deste ano e no acumulado de 12 meses na comparação com os respectivos períodos de 2011.
 
Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) – que acumula os dados coletados pelo IPCA-15 (preços medidos no período de 15 de maio a 13 de junho) – mostram que neste semestre a inflação acumulou alta de 2,58%, contra 4,10% em igual intervalo de 2011. No acumulado de 12 meses, o índice passou de 6,55% no ano passado para 5% neste ano.
 
Os números mostram que a inflação deixou de ser uma preocupação, mas ela ainda pode ter um repique caso seja aprovado o reajuste do preço dos combustíveis.
 
Para o professor de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Heron do Carmo, as ameaças neste ano se concentram em um possível aumento da gasolina e da elevação de tarifas de transportes após as eleições municipais, que ocorrerão em outubro.
 
"O problema é reajustar a gasolina em 10%. Isto devia ter sido feito de forma gradual, com aumentos de 3%, há mais tempo. A falta de reajustes no preço da gasolina distorceu o preço do etanol. Por isso, hoje temos uma folga falsa na inflação. Porque o governo segurou o preço da gasolina por muito tempo", explicou o professor.
 
Hoje, as estimativas para o IPCA estão voltadas para um número próximo do centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano. A pesquisa Focus, do Banco Central,  prevê um IPCA de 5% neste ano. A Consultoria Tendências espera 5,10%.
 
Segundo economistas, o governo tem espaço para baixar mais a taxa básica de juros (Selic) e continuar com outras medidas para estimular o aquecimento da economia, caso da redução de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e de compulsórios. 
 
Tombo – Até agora dois fatores explicam o tombo da inflação. Um deles é o efeito desinflacionário da crise europeia, que se concretizou com a queda nos preços internacionais das commodities no começo deste ano. Segundo o economista da Consultoria Tendências, Thiago Curado, isto influenciou a redução de preços dos alimentos, por exemplo.
 
O segundo fator desinflacionário do primeiro semestre foi a desaceleração da atividade econômica, tanto na demanda quanto na oferta. "O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) esteve estagnado nos dois últimos trimestres e isso se converteu em redução de demanda, o que gerou pressão menor sobre os preços", disse Curado. A estimativa da Tendências é que o IPCA do primeiro semestre, encerrado em junho , seja de 2,40%. Para o PIB, a estimativa é de crescimento de 1,9%, considerando o aquecimento da atividade no segundo semestre.
 
Para o  economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Emilio Alfieri, no mercado interno, o consumo cresceu de forma moderada no primeiro semestre deste ano, o que ajudou a segurar a inflação. A  média de vendas à vista e a prazo do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) foi de 3,1% para o período de janeiro a maio.
 
Alfieri avalia que o nível de comprometimento da renda com dívidas e de aumento de  inadimplência não foram determinantes para um esfriamento do consumo. "A inadimplência ajuda a segurar o consumo, mas pode ser que o principal fator seja a saturação do mercado. O consumidor está otimista, mas houve redução do crédito. Na conta financeira, por exemplo, a redução dos recursos do exterior para empréstimos no mercado interno diminuiu em cerca de US$ 20 bilhões de janeiro a abril deste ano contra igual período do ano passado", justificou o economista.
 
Na opinião de Alfieri, este ano a preocupação do governo deve ser com o ritmo de crescimento da atividade econômica. "Acredito que o governo continue baixando os juros. Mas será preciso segurar o dólar em R$ 2 para que a indústria brasileira volte a crescer. Se for  preciso, o governo pode liberar compulsórios e prorrogar a isenção do IPI para veículos e linha branca", afirmou.


Veículo: Diário do Comércio - SP

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