Economia
26/03/2012 09:47 - Custos afetam produção industrial
Além dos tributos, gargalos são os gastos com matéria-prima e mão de obra.
Por mais que o governo federal evite falar que o Brasil vive hoje um processo de desindustrialização, os empresários do ramo enfatizam a perda de fôlego do setor. Enquanto a produção recua na esteira da invasão dos importados, a indústria nacional tenta administrar os crescentes custos de operação.
A Clamper Indústria e Comércio, fabricante de produtos e componentes eletroeletrônicos com sede em Lagoa Santa (RMBH), trabalha para absorver gastos extras que se estendem por todo processo o produtivo. Segundo o presidente da empresa, Ailton Ricaldoni, o maior gargalo são os custos com matéria-prima e mão de obra.
Ele questiona a postura do governo em relação aos tributos de importação incidentes sobre certos componentes eletrônicos utilizados pela Clamper que não são produzidos no Brasil. "Esses produtos não estão competindo com fabricantes nacionais e, sem o imposto, o nosso negócio ficaria bastante desonerado", afirma.
De acordo com o executivo que também é diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o setor já solicitou uma mudança de postura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) em relação ao tema, mas ainda não obteve êxito.
Outro entrave para o crescimento, sobretudo, em período de crise, é o alto custo da mão de obra. Se não bastassem todos os encargos trabalhistas que fazem da folha de pagamento do Brasil uma das mais caras do mundo, há ainda o aquecimento do mercado de trabalho que encarece a manutenção dos funcionários.
Produtividade - Enquanto isso, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra que a produtividade (quanto é produzido por hora trabalhada) reduziu 0,2% na indústria nacional em 2011, segundo pior resultado verificado na última década.
No exercício passado, o setor teve no Brasil um dos desempenhos mais tímidos do mundo emergente (expansão de 1,6%), ficando à frente somente de países pouco expressivos e devastados por tragédias naturais, como a Tailândia.
O pífio crescimento somado à alta dos custos também tem onerado o dia a dia da Spatifilus que emprega 200 funcionários. Conforme o diretor da indústria calçadista Gilson Oliveira, assim como na Clamper, um dos maiores desafios da empresa hoje é a manutenção da mão de obra que representa 17% do custo total do negócio. Ele diz que esse é o tipo de encargo que mais ganha força atualmente e interfere no equilíbrio do orçamento da companhia.
E isso justamente em um momento em que a Spatifilus basicamente encerrou suas exportações. Oliveira lembra que em 2008, ano de eclosão da crise internacional, as vendas para o exterior representavam 12% dos negócios da indústria. Hoje, com o real valorizado, a saída é se voltar somente para o mercado interno onde, conforme o empresário, há competitividade ôporque a concorrência precisa lidar com custos da mesma dimensão".
O chamado custo Brasil também foi citado pelo presidente da fabricante de brinquedos Estrela, Carlos Tilkian. Ele afirma que a carga tributária brasileira é "de longe" o fator que mais fortalece os produtos chineses e tira competitividade da mercadoria nacional. De acordo com o executivo, 45% do preço de um item Estrela estão atrelados ao pagamento de impostos.
Abrinq - Conforme a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), atualmente 60% do mercado nacional estão tomados pelos asiáticos. Na opinião de Tilkian, as medidas do governo para salvar a indústria nacional são insuficientes e é preciso fazer mais do que penalizar as importações. Ele fala, inclusive, em uma redução de impostos para as empresas que se instalarem no Brasil, como tem ocorrido com o setor automotivo.
De fato, os esforços do Planalto estão muito voltados para barrar a chegada dos importados. Prova disso é que os dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que o Brasil já é líder entre os países que mais iniciam investigações de casos de dumping.
Longe dos mercados estrangeiros, a confecção Marcel Philippe trabalha para manter, mesmo com os altos custos, uma produção de qualidade que a permita desbancar os importados. O diretor Leonardo Aburachid afirma que para colocar no mercado itens atrativos ao consumidor, é preciso investir em mão de obra.
Assim como na Clamper, a Marcel Philippe está pagando mais caro para conservar uma produção de qualidade. Segundo Aburachid, o piso praticado na companhia é de R$ 820.
Veículo: Diário do Comércio - MG
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