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24/02/2011 11:56 - Impacto da alta do petróleo vai demorar

A escalada das cotações internacionais do petróleo deverão elevar os preços de produtos químicos e petroquímicos no mercado brasileiro, aumentando a pressão sobre os custos dos alimentos e produtos de limpeza doméstica e higiene pessoal, entre outros. No entanto, o impacto disso deverá ser amortecido ao longo da cadeia produtiva, além de não ser sentido de forma imediata no bolso do consumidor.

 

“Até chegar ao consumidor, o caminho é longo”, explica Otávio Carvalho, diretor da consultoria petroquímica Maxiquim, “O petróleo precisa ser transformado em nafta, que vira eteno e depois polietileno, até poder ser transformado, por exemplo, em embalagens plásticas flexíveis.”

 

São muitos os produtos que embutem nos preços o custo de produção preço de matérias-primas e insumos petroquímicos. Vão desde alimentos (embalagens, fertilizantes e combustível para colheita e transporte da safra) até automóveis e eletroeletrônicos (componentes plásticos).

 

Os especialistas dizem que, dentro de pouco mais de um mês, os preços da nafta deverão aumentar 6% no mercado global e ultrapassar os US$ 900 por tonelada, algo que não ocorria desde meados de 2008. Nas últimas semanas, o preço médio da tonelada de nafta ficou em torno de US$ 750.

 

O Brasil importa cerca de 35% da nafta que as indústrias consomem. Os 65% restantes são adquiridos pela petroquímica nacional da Petrobrás. “A alta das cotações no mercado internacional acaba chegando no Brasil com alguma defasagem”, diz Carvalho.

 

O preço da nafta no mercado interno segue as cotações dos principais mercados globais. Só que a política de preços da Petrobrás tem amortecedores. Um deles é o uso de uma média móvel trimestral da cotação internacional. Por exemplo, o preço da nafta no mercado doméstico em março reflete a média do que foi cobrado no estrangeiro nos últimos três meses. “A média suaviza as variações e dá um pouco mais de previsibilidade e segurança”, afirma o executivo da petroquímica Maxiquim.

 

Inflação

 

Enquanto a Petrobrás mantiver a política de segurar o repasse da alta do petróleo para o preço da gasolina, o impacto da disparada do barril, que atingiu ontem US$ 111, pode até trazer um certo alívio para inflação, segundo o economista Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor.

 

Ele sustenta esse raciocínio numa tendência detectada nos últimos dias. Por causa dos conflitos nos países árabes, está ocorrendo uma migração dos investidores em mercados futuros em commodities agrícolas para as commodities energéticas derivadas do petróleo (gás, diesel, gasolina, por exemplo).

 

Com isso, em 15 dias, os preços em dólar de vários alimentos recuaram. “Como as commodities agrícolas são um foco de pressão de preços no IPCA, a retração nas cotações pode ser positiva para a inflação, se a Petrobrás continuar amortecendo a elevação do petróleo. O Brasil é um país de sorte”, diz. “Enquanto a Petrobrás segurar os preços, a alta do petróleo não terá impacto na inflação”, afirma o analista da consultoria Tendências, Thiago Curado.

 

No IPCA, por exemplo, a gasolina pesa 3,96% e as passagens aéreas, que são afetadas pelo querosene, um derivado do petróleo, respondem por 0,34% do indicador. Gol e TAM informaram que estão preparadas para enfrentar a volatilidade dos preços do petróleo. A Gol afirma que “não haverá repasse” para a tarifa aérea.

 

Veículo: Jornal da Tarde

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