Estabilidade nos preços, aumento da renda e do emprego mantêm o comércio aquecido

As vendas do comércio varejistas registraram, em setembro, o quinto aumento consecutivo ante o mês anterior e deverão fechar 2010 com alta recorde. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem uma expansão de 0,4% nas vendas em setembro ante agosto e alta de 11,8% na comparação com igual mês do ano passado, no maior aumento para o mês da série histórica da pesquisa, iniciada há dez anos.

Segmentos cujos preços têm relação com o câmbio lideraram o crescimento. O técnico da coordenação de serviços e comércio do instituto, Reinaldo Pereira, disse que as vendas do setor prosseguem impulsionadas por fatores como aumento da renda, do emprego e "também pelo câmbio, que tem ajudado na estabilidade de preços".

Segundo ele, alguns resultados negativos apurados nas vendas em setembro ante agosto, como em hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%); tecidos e vestuário (-0,2%) e artigos farmacêuticos (-1,2%) refletem uma "acomodação após fortes crescimentos em agosto ante julho e não reversão na trajetória de crescimento". Para o técnico do IBGE, o setor prossegue com tendência de expansão nas vendas e, segundo os dados já divulgados, pode mostrar expansão recorde este ano.

Até setembro, o varejo acumula expansão anual de 11,4%. Em todo o ano de 2009, a alta foi de 5,9%. O melhor resultado anual anterior, no acumulado de janeiro a dezembro, foi apurado em 2007 (9,7%).

Vigor. Para o analista da Tendências Consultoria, Alexandre Andrade, o setor deverá crescer 11,4% em 2010. "A trajetória das vendas deverá ser ascendente nos próximos meses, em linha com o que se espera para os principais indicadores da demanda doméstica, a saber, a massa salarial e o crédito", disse.

Para o economista-chefe da consultoria de varejo GS&MD - Gouvêa de Souza, Marcelo Waideman, o varejo deve continuar mostrando vigor até dezembro. "Até o final do ano, devemos continuar com crescimento generalizado, ainda que menor, por causa da base de comparação mais forte", prevê Waideman, lembrando que o quarto trimestre foi o melhor de 2009.

Segundo Waideman, o cenário que vem impulsionando o setor este ano, de inadimplência em baixa, crédito ainda farto e mercado de trabalho aquecido, prossegue inalterado. "Devemos continuar navegando na boa maré atual", disse ele, que destacou o bom desempenho do setor no terceiro trimestre.

Segundo o IBGE, as vendas do comercio varejista aumentaram 10,3% no terceiro trimestre ante o trimestre imediatamente anterior. Na comparação com igual trimestre do ano passado, houve alta de 11,1%, a maior variação para um terceiro trimestre da série histórica iniciada em 2001.

Câmbio. Algumas atividades do varejo com maior influência do câmbio na formação de preços foram destaques de crescimento nas vendas em setembro. "O câmbio ajuda a segurar os preços e isso pode ter favorecido algumas atividades varejistas", disse Pereira.

As vendas de equipamentos de informática e escritório, produtos com muitos componentes importados, aumentaram 5,6% em setembro ante agosto e 28,5% ante setembro do ano passado. As vendas de móveis e eletrodomésticos, também influenciadas pelo câmbio, tiveram, respectivamente, aumentos de 1,1% e 14,4%.

Veículo: O Estado de S.Paulo