Economia
21/07/2010 09:27 - Deflação no IPCA-15 leva mercado a apostar em alta menor do juro hoje
Prévia do índice oficial de inflação cai 0,09% em julho; mercado futuro mostra 70% de chance de uma elevação de 0,50 ponto da Selic
Um dia antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidir o novo nível da taxa básica de juros (Selic), uma prévia da inflação oficial mudou completamente as expectativas do mercado. O IPCA-15 mostrou deflação de 0,09% em julho. Com isso, a aposta majoritária para a Selic passou de uma alta de 0,75 ponto para 0,50 ponto porcentual. A taxa está em 10,25% ao ano.
A queda do IPCA-15 foi puxada pelos produtos alimentícios, ônibus urbanos e combustíveis. O índice é uma espécie de prévia do IPCA, que serve de referência para a meta de inflação do governo (4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo). Os dois indicadores são calculados pelo IBGE e diferem-se apenas no período de coleta. Os analistas ouvidos pela Agência Estado estimavam, em média, uma taxa de 0,13%.
No mercado futuro de juros, a probabilidade de elevação de 0,50 ponto da Selic chegou a 70%, ante 30% para 0,75 ponto. Até o meio da semana passada, 100% das apostas eram para 0,75. Entre economistas, porém, a expectativa majoritária ainda é de uma alta de 0,75 ponto.
O economista da consultoria LCA Fabio Romão está nesse grupo. Uma alta menor, segundo ele, só será possível a partir da reunião de setembro do Copom. "O desaquecimento da economia mostra que o nível de atividade entrou em rota mais sustentável de expansão no segundo trimestre, o que não permite altas expressivas dos serviços", disse.
O economista-sênior do BES Investimento, Flávio Serrano, espelha com precisão o cenário de dúvida que tomou conta dos analistas de mercado. "Continuo achando que vem 0,75 ponto, mas, sem dúvida, a probabilidade de alta de 0,50 ponto aumentou", disse. Segundo ele, é certo que a inflação está vindo mais baixa e a atividade mostra desaceleração, depois de um primeiro trimestre muito forte.
Serrano observou, porém, que agosto e setembro devem trazer novo impacto da alta do minério de ferro e a renda continua estimulando o consumo. "O BC precisa de um cenário benigno consolidado", ponderou.
O diretor de gestão da Máxima Asset, César Trotte, mudou de lado. Ele acreditava em alta de 0,75 ponto hoje. Agora, aposta em 0,50 ponto, número que deve repetir-se na reunião de setembro. "Depois disso, dado o calendário político, deve haver uma parada para observação, até que o novo BC, do novo governo, decida o que fazer", observou.
Trotte pondera que a inflação nos níveis atuais não será duradoura: "Ela voltará a subir um pouco, mas dentro do previsto."
Alimentos. A taxa negativa de 0,09% do IPCA-15 foi "fortemente influenciada pelos alimentos", segundo destacaram os técnicos do IBGE. O grupo de Alimentos e Bebidas registrou queda de 0,80% neste mês, ante -0,42% no mês passado.
Entre os alimentos que registraram queda de preços, os destaques foram batata inglesa (16,48%), tomate (14,94%), cebola (13,08%) e cenoura (10,32%). Apesar da queda em vários itens alimentícios, o item "refeição fora de casa" teve alta de 0,95% e deu a maior contribuição (0,04 ponto porcentual) para o IPCA-15.
Os produtos não alimentícios registraram alta de 0,12% no IPCA-15 de julho, ante 0,37% em junho. A desaceleração na taxa, de um mês para o outro, foi influenciada por diversos grupos de produtos, com destaque para transportes (0,36%).
Efeito do atual ciclo de alta dos juros só será sentido em 2011
Uma inflação mais baixa em 2010 e expectativas menos pressionadas facilitam a tarefa de convergência do IPCA para mais próximo do centro da meta em 2011. Nesse sentido, tais fatores e a desaceleração em curso da atividade econômica aumentam a probabilidade de uma menor elevação da taxa de juros Selic em relação ao previsto anteriormente.
De outro lado, dificilmente, a inflação ficará no centro da meta em 2010. Os primeiros meses do ano trouxeram surpresas, com vários choques em preços administrados, como o reajuste de ônibus em São Paulo, educação e alimentos. Com isso, a inflação média ficou em 0,61% até maio. Tais fatores afastaram o IPCA acumulado em 12 meses do centro da meta, que atingiu 5,26% em abril.
Contribuindo também para isso, observou-se uma atividade econômica bem aquecida no primeiro trimestre do ano, e os condicionantes da demanda doméstica (crédito, confiança e mercado de trabalho) apontam que a desaceleração da atividade do segundo trimestre deve ser um movimento apenas de acomodação e não de reversão.
O segundo semestre deve ter um ritmo robusto do nível de atividade, deixando pouco espaço para uma inflação muito baixa nos meses restantes de 2010. E os impactos do atual ciclo de aperto monetário vão se dar principalmente sobre o quadro inflacionário de 2011.
A deflação de 0,09% no IPCA-15 de julho apontou para mais uma inflação bem reduzida no ano. Na Tendências Consultoria, projetamos variação zero para este mês. Em junho, a queda de preços dos alimentos puxou a inflação para baixo, e tal pressão baixista deve seguir significativa em julho, reflexo do restabelecimento da oferta dos alimentos. Os baixos resultados em junho e julho motivaram a revisão da nossa previsão para o IPCA do ano, de 5,40% para 5,0%.
Outra notícia boa foi a melhora do desempenho dos núcleos em junho e julho. O acompanhamento dos núcleos já foi apontado pelo Banco Central como um dos fatores preocupantes nos comunicados que acompanharam o atual ciclo de elevação da taxa de juros Selic. No IPCA-15 de julho, a média dos núcleos ficou em 0,23% ante 0,35% do IPCA fechado do mês passado.
O nível ficou bem confortável, não registrado desde meados de 2009. Ressalta-se, porém, que parte das informações do IPCA-15 já estava contida na divulgação do IPCA de junho. A continuidade desse bom desempenho no IPCA fechado de julho pode contribuir para a percepção de um cenário mais confortável da inflação corrente.
Veículo: O Estado de S.Paulo
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