Economia
13/05/2010 08:44 - ''Corte de gastos do governo vai doer''
Depois de passar todo o governo Luiz Inácio Lula da Silva atuando em sentidos contrários, as políticas de gastos e de juros do governo vão entrar em coordenação. Essa é, pelo menos, a intenção da equipe econômica, que propôs ao presidente um corte de gastos, o que ajudaria no combate à inflação e pouparia o Banco Central de elevar os juros em 2010.
O objetivo, segundo explicou ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é evitar que a economia superaqueça este ano tenha de ser freada bruscamente em 2011. O ministro disse que não será um megacorte, mas avisa que "vai doer". A seguir, trechos da entrevista.
O ministro Guido Mantega levantou a hipótese de o governo cortar gastos este ano. Tem até especulação que o decreto de programação financeira, no dia 20, virá com um corte. É isso?
Não temos decisão, mas é verdade que o Guido Mantega falou comigo e com o presidente. E o presidente não deu orientação na direção contrária. Determinou que estudássemos.
Mas por que cortar, se a economia está indo bem e a perspectiva é de receitas elevadas?
Cresce um sentimento de que a economia está acelerando para além daquilo que todos avaliavam. Já tem gente falando que podemos crescer 7%. O que pode acontecer? Vamos ficar olhando o Banco Central aumentar os juros? O que estamos discutindo são outras alternativas. Como podemos ajudar com a política fiscal.
Não é de hoje que a ata do Copom avisa sobre o risco inflacionário criado pela demanda do governo. Por que agora se olha para o problema? Tem relação com a crise na Europa?
O Banco Central faz o papel dele quando coloca esses alertas na ata e nós, normalmente, levamos esses alertas a sério. Com a crise internacional, temos de ficar mais atentos. Ninguém acha que a Grécia tem peso suficiente para arrastar a economia mundial, mas é verdade que as expectativas se deterioraram.
É para evitar uma alta do juro às vésperas da eleição?
Aqui não nos preocupamos com eleição. Não estou com brincadeira, não. O governo quer que tenhamos condições de crescer 5% no ano que vem, 5% em 2012. Se fosse por causa da eleição, deixaríamos a economia acelerar, crescer 8% e crescer pouco no ano que vem. Isso sim, seria uma visão eleitoreira.
Vai ter uma coordenação maior entre as políticas monetária e fiscal?
Sempre tentamos fazer isso.
Para fazer o ajuste fiscal, o governo vai abrir mão de descontar as despesas com o PAC do superávit primário?
Isso não mudou. Todos os anos, tentamos cumprir a meta sem descontar. Descontamos um tiquinho em 2008 e 2009. Foi um ponto fora da curva.
Existe a necessidade de aumentar a meta de superávit?
Existe, mas eu não vejo condição para fazer isso, sinceramente. Não vamos parar o PAC, não vamos cortar os programas sociais.
Então, não será um megacorte. Não. Vamos tentar fazer o menos dolorido possível, mas vai doer.
''Não temos previsão de novos reajustes''
ENTREVISTA
Paulo Bernardo,
ministro do Planejamento
Partiu do presidente Lula a orientação para o governo buscar, na Justiça, a decretação da ilegalidade das greves de servidores que tumultuam a Esplanada. Ele mandou ainda descontar os dias parados, segundo revelou ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
O acirramento das pressões por esses e outros gastos, acredita o ministro, refletem uma visão que não será possível arrancar "bondades" semelhantes do próximo presidente. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Pressões por aumento de gasto sempre teve, mas agora o senhor resolveu bater duro nos servidores grevistas e no Congresso. O que aconteceu?
Estamos num período em que aparentemente a antevisão do fim do governo levou esse pessoal a se antecipar. Essas mobilizações por salário, esse posicionamento do Congresso, a pressão dos aposentados, tudo isso tem uma visão assim: "Vai acabar o governo Lula e se não conseguirmos agora não conseguiremos mais". Não temos condições de atender, nem de longe, todas essas coisas.
Um eventual governo Dilma seria mais linha dura na área fiscal do que o Lula?
Acho que o governo Dilma vai ter de ser rigoroso. O Brasil já incorporou essa visão de que nós temos de gastar de acordo com o que arrecadamos. Isso terá de ser o pano de fundo para qualquer governo. Vai ter diferença entre uma proposta e outra, mas isso tem de estar na base.
A postura do Congresso e dos sindicatos embute um "risco Serra"?
De que tipo? Um governo mais austero do ponto de vista fiscal? Claro que não. Temos de ouvir o que o Serra vai fazer em relação a isso. Embora o PSDB viva criticando um suposto aumento dos gastos neste governo, a verdade é que os projetos (que aumentam despesa sem indicar receitas) são votados unanimemente dentro do Congresso.
É verdade que o sr. levou ao presidente Lula um levantamento sobre os reajustes já concedidos aos servidores públicos e ele achou absurdo algumas categorias ainda estarem fazendo greve?
Mostramos a ele o seguinte: nenhuma categoria teve reajustes salariais igual à inflação. Todos foram maiores. Ele reuniu alguns ministros e dirigentes de autarquias e disse que não temos previsão de novos reajustes salariais. Se houver greve, a orientação é anotar a frequência, descontar os dias parados e ir aos tribunais para que as greves sejam decretadas ilegais.
Reajuste, só o que já foi acertado. É isso?
Vou te dizer uma coisa. Nós decidimos aqueles reajustes salariais no primeiro semestre de 2008. Fizemos todas as negociações e, no segundo semestre, em setembro, tivemos uma crise. Se a crise tivesse ocorrido três meses antes, não teríamos fechado aqueles acordos de jeito nenhum.
O fato de ser um governo do PT estimula os sindicatos a agir dessa forma?
Acho normal. O PT sempre teve excelente diálogo com os sindicatos. Continuamos mantendo. Mas até em nome da nossa boa relação acho importante falar claramente: não vamos dar reajustes salariais, não temos previsão orçamentária. Se acham que a solução é fazer greve, façam. Mas vamos entrar com as medidas cabíveis para resolver o problema. O que não é razoável é fazer uma greve sem perspectiva de solução e ficar ganhando, porque aí vira férias, como diz o presidente Lula.
Veículo: O Estado de São Paulo
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