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15/04/2010 09:22 - Estudo mostra que moeda comum entre o BRIC é viável

Representantes dos países que compõem o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e pesquisadores de centros de estudos das quatro nações mostraram que estão unidos por características em comum. Contudo, possuem perfis bem distintos quando o assunto é vantagem comparativa. A observação foi feita em estudo apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacando que o bloco apresentou aumento significativo de importância quando o tema é o comércio internacional.

 

Segundo o presidente do Instituto, Marcio Pochmann, as economias do BRIC são hoje líderes regionais e têm condições de adotar um novo padrão de comércio em que o dólar não seja a moeda utilizada. O Brasil, por exemplo, já faz comércio com a Argentina em moeda local.

 

"A mudança no padrão de moeda internacional da libra para o dólar levou décadas. Nesse período, foram criadas zonas de moedas fortes, como o marco alemão e o franco. Agora, enquanto se discute um novo padrão internacional, é viável que haja áreas de comércio concentradas em outras moedas", argumentou o presidente do Ipea.

 

Segundo o diretor de comércio exterior da Fiesp, Roberto Gianetti, o BRIC está se formalizando, é um grupo originalmente informal, que não tinha nenhuma estrutura permanente, mas que formou um conjunto de países com grande população, mercados internos, economias emergentes e que tem posições de políticas convergentes.

 

"Alguma coisa pode ser feita por esses países, como por exemplo um convênio de crédito recíproco, que permita as trocas comerciais sem a utilização do dólar como moeda. É diferente do Sistema de Moeda Local (SML) utilizado com a Argentina, é uma compensação de saldos comerciais trimestrais, uma moeda escritural, como utilizamos com a Aladi [Associação Latino Americana de Integração] há mais de 30 anos e que dá muito certo", enfatizou Gianetti.

 

De acordo com o vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Li Yang, os quatro países já estão negociando a adoção desse tipo de medida, mas nada será feito no curto prazo. Ele disse que a China também tem interesse na diversificação de reservas internacionais (que estão concentradas em moeda americana). Os chineses têm reservas de mais de US$ 2 trilhões.

 

Li Yang defendeu ainda que o BRIC trabalhe em conjunto para defender uma maior participação de suas economias em organismos multilaterais, como Fundo Monetário Internacional (FMI). Já o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Davydov, disse que existe vontade política e técnica de se mudar a atual formatação do sistema financeiro internacional.

 

O comunicado 43 do Ipea, intitulado "Rússia, Índia e China: Comércio Exterior e Investimento Direto Externo", salienta que o Brasil apresenta elevada vantagem comparativa em produtos intensivos, em recursos naturais e primários agropecuários. "Neste último, a vantagem é crescente", afirma o estudo.

 

A Rússia, de acordo com o levantamento, possui competitividade "muito acima dos demais" no comércio de primários minerais, ainda que o Brasil apresente uma leve tendência e aumento na vantagem desse tipo de bem. Já a Índia sustenta a sua elevada vantagem comparativa em produtos intensivos em trabalho. "Além disso, tem aumentado consistentemente sua competitividade em bens intensivos de recursos naturais". A China, por sua vez, continua com elevada vantagem em produtos intensivos de mão de obra. "Contudo, ela foi a única economia, entre os BRICs, que conseguiu atingir uma situação de elevada competitividade em bens intensivos em tecnologia", afirmam os técnicos do Ipea.

 

Cúpula

 

Durante a 2ª Cúpula dos Países do BRIC, o ministro da agricultura Wagner Rossi discutirá com representantes da Administração Geral de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena (AQSIQ) da China questões relacionadas ao comércio de produtos agrícolas. O Brasil negociará com a China a autorização para exportação de carnes suína e bovina in natura, lácteos, gelatina, tabaco, couro e citros.

 

Em nota, o ministério lembra que, há dois anos, a China tornou-se o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com receita de US$ 8,9 bilhões em 2009. Esse total foi equivalente a quase 14% dos embarques agropecuários nacionais. O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto, explica que a intenção do governo brasileiro é diversificar a pauta exportadora.

 

Um dos pontos principais a serem discutidos por Brasil, Rússia, Índia e China durante a reunião que começa amanhã em Brasília é a exclusão do dólar do comércio entre os países do BRIC. E economistas brasileiros já fazem estudos que defendem a viabilidade da mudança do sistema.

 

Segundo o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, as economias do BRIC são hoje líderes regionais e têm condições de adotar um novo padrão de comércio que não utilize o dólar como moeda. O Brasil, por exemplo, já faz comércio com a Argentina em moeda local.

 

O diretor de Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Gianetti, também defende a alternativa. "Alguma coisa pode ser feita por esses países, como, por exemplo, um convênio de crédito recíproco, que permita as trocas comerciais sem a utilização do dólar como moeda. É diferente do Sistema de Moeda Local (SML) utilizado com a Argentina, é uma compensação de saldos comerciais trimestrais, uma moeda escritural, como utilizamos com a Aladi [Associação Latino Americana de Integração] há mais de 30 anos e que dá muito certo", enfatizou.

 

Durante a 2ª Cúpula dos Países do BRIC, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, discutirá com representantes da Administração Geral de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena (AQSIQ) da China questões relacionadas ao comércio de produtos agrícolas. O Brasil negociará com a China a autorização para exportação de carne suína e bovina in natura, lácteos, gelatina, tabaco, couro e citros.

 

O Ministério da Agricultura reviu nos últimos dias os processos de inspeção nas cargas de soja exportadas para o mercado chinês antes da chegada do presidente chinês ao País. O pente-fino mostrou que os critérios exigidos por Pequim estão sendo cumpridos e que não há problemas nas cargas embarcadas. Ontem, a China, maior comprador de soja do mundo, informou que deve importar um recorde de 44 milhões de toneladas da oleaginosa em 2009/2010, uma alta de 7,3% perante a temporada anterior.

 

Antes de chegar ao Brasil, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, passou pela Argentina. Na agenda, estava a assinatura de diversos acordos, incluindo um de cooperação nuclear. Também estava prevista a assinatura de convênios nas áreas de transporte, geologia, legislação florestal, esporte e energia.

 

Veículo: DCI

 

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