Depois de as vendas do comércio varejista no País aumentarem 13,5% em março, e finda a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis e veículos, redes de varejo como Grupo Pão de Açúcar (GPA), Carrefour e Walmart afirmam ainda ter estoque para manter descontos aos consumidores, o que devem fazer para continuar com elevado ritmo de vendas nos próximos meses e manter aquecido o período que antecede as vendas do Dia das Mães.

De acordo com o Serasa Experian, a alta de março foi a maior taxa anual de crescimento registrada pelo Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio desde setembro de 2008. Descontadas as influências sazonais, o aumento da atividade varejista de fevereiro a março foi de 2,9%.

No Grupo Pão de Açúcar, como em boa parte do comércio varejista, o crescimento das vendas do primeiro trimestre vai influir para que a rede mantenha resultados positivos até o Dia das Mães, a segunda melhor data de vendas do comércio varejista.

Segundo o vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar, Ramatis Rodrigues, "O Dia das Mães está próximo e sabemos da importância do setor de móveis para essa data". Ele afirma apostar no crédito para alavancar as vendas na data. "Estamos com campanhas especiais e condições diferenciadas de crédito para garantir ao cliente a melhor opção de presente para a sua mãe."

O movimento de pessoas nas lojas para aproveitar os últimos dias de produtos com desconto do IPI cresceu 70% entre os meses de janeiro e fevereiro. Segundo o grupo, os resultados da medida no segmento de móveis fizeram a rede reforçar os estoques de suas lojas Ponto Frio e Extra e dos sites Extra.com.br e Pontofrio.com.br. Por causa dos produtos já negociados com a indústria, a companhia afirma que estendeu o benefício dos móveis com IPI reduzido além do seu período de vigência, que findou em 31 de março, e garante que vai repassar as alíquotas baixas até o último item em estoque.

Desde novembro -início da medida-, suas lojas oferecem mais de 600 itens com desconto de 25% a 50%; nas compras efetuadas com o cartão de bandeira da rede Extra e Ponto Frio, o pagamento pode ser em até 15 vezes sem juros.

Concorrência

O Carrefour afirma que o benefício tributário contribuiu para o crescimento das vendas de produtos da linha branca de baixo consumo, sendo que no último semestre de 2009 a empresa registrou avanço de 35% nas vendas, em relação a igual período do ano anterior. Além dos descontos mantidos, a rede diz que manterá condições de pagamento diferenciadas no Cartão Carrefour na compra de itens de linha branca.

A rede Walmart também informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que manterá descontos até o último item do seu estoque.

Segundo Nuno Fouto, coordenador de pesquisas do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), a intenção de compra dos consumidores deve diminuir um pouco com o fim do benefício, mas ainda está em um patamar elevado, e as redes ainda têm estoques para manter os descontos e o interesse do cliente. "Mesmo as redes que tiverem de repor estoques não devem repassar totalmente a alta: é muito ruim para elas que o movimento esfrie agora", diz. Para ele, o primeiro trimestre foi aquecido e indicava que não era mais necessária a manutenção da redução do imposto.

Desempenho

Segundo o indicador do Serasa, divulgado ontem, na comparação entre fevereiro e março, as lojas em que as vendas mais cresceram foram as de veículos, motos e peças (8,3%) e de material de construção (4,1%). Este último setor foi um dos mais atingidos pela crise econômica e conta com IPI reduzido até o fim deste semestre. Todos os ramos de comércio tiveram alta de mais de 2% nas vendas. O indicador é composto por uma amostra de 6 mil empresas.

De acordo com os técnicos da Serasa, o bom desempenho do comércio ocorre graças "ao crescimento da massa salarial real e à oferta de crédito".

Na comparação anual, a alta de 13,5% registrada em março foi puxada pelo segmento de veículos, motos e peças, que teve crescimento de 31,4%. Também cresceram os setores de móveis, eletroeletrônicos e informática (21%) e de material de construção (21,3%).

No acumulado do primeiro trimestre de 2010, a atividade do comércio cresceu 11,3%, liderada por veículos, motos e peças (24,7%) e móveis, eletroeletrônicos e informática (20,3%).

Veículo: DCI