Economia
23/03/2010 11:17 - Mercado projeta inflação oficial em 5,10% para este ano
Mercado financeiro está mais otimista com os dados econômicos, aponta o Boletim Focus do Banco Central. A primeira leitura após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que deixou sinais de que irá aumentar a Selic (a taxa básica de juros) em abril.
Analistas do mercado voltaram a rever para cima suas estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - medidor oficial de inflação- para este ano. A projeção é de 5,10%, contra 5,03% de uma semana antes. Esta foi a nona revisão consecutiva para o IPCA deste ano, o que distancia ainda mais a projeção do centro da meta para o ano, calculado em 4,5%.
Para 2011, o mercado também ajustou suas estimativas e trabalha com uma taxa ainda maior para o IPCA, de 4,80%, contra 4,60% da semana anterior. Já a estimativa para a inflação de março subiu de 0,40% para 0,44%. Para abril, a projeção passou de 0,38% para 0,39%.
Também foram elevadas as previsões para os demais indicadores inflacionários de 2010. O IGP-DI deve marcar 6,74% em 2010, passando os 6,24% esperados antes. O IGP-M deve marcar 6,50% neste calendário, e não 6,38%, e o IPC-Fipe deve ir a 5,49%, após prognóstico de 5,41% para o mesmo período.
Preocupado, o BC anunciou após o encontro do Copom, na semana passada, que vai monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião, que acontece em abril, o que foi visto pelo mercado como uma pista de que a Selic irá subir no mês que vem, como economistas já alertavam há algumas semanas.
Especialistas entrevistados pela reportagem esperam um aumento de 0,5% no próximo mês, passando a 9,25% ao ano já a partir de abril, o que levará o País a fechar 2010 com Selic em 11,25%.
Em contraponto, as projeções para 2011 foram elevadas, com uma mediana de 11,10% ao ano.
Com relação às expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, os economistas adotaram uma postura mais otimista, agora o mercado espera que a atividade econômica brasileira avance 5,50%, frente à expectativa de alta de 5,45% vista na última edição do relatório. Cabe lembrar que, no que diz respeito a 2011, as expectativas para o crescimento do PIB foram mantidas em 4,50% pela 15ª semana consecutiva.
Para o crescimento da produção industrial, neste ano, a estimativa passou de 8,74% para 8,79%. No próximo ano, os analistas esperam expansão de 5%, a mesma previsão anterior.
A projeção para a relação entre dívida líquida do setor público e o PIB permaneceu em 41,50%, neste ano, e caiu de 39,80% para 39,60%, em 2011. A previsão para o superávit comercial permaneceu em US$ 10 bilhões, neste ano, e em US$ 2,5 bilhões, em 2011.
Para o déficit em transações correntes, a estimativa para este ano foi ajustada de US$ 51 bilhões para US$ 50 bilhões. Em 2011, os analistas mantiveram a expectativa de US$ 60 bilhões.
A expectativa para o investimento estrangeiro direto foi mantida em US$ 38 bilhões para este ano, e em US$ 40 bilhões, para o próximo ano.
A taxa de câmbio apresentou uma leve redução ao passar de R$ 1,81 por dólar para R$ 1,80 por dólar para 2010. Para o próximo ano, no entanto, houve um crescimento de R$ 1,85 por dólar para R$ 1,87 por dólar.
Para finalizar os economistas alertam para as mudanças no mercado faltando apenas duas semanas para acabarem as dúvidas sobre o destino do presidente do BC, Henrique Meirelles, que precisa deixar o cargo até 3 de abril se quiser se candidatar. No fim de semana, Meirelles manteve o suspense sobre seu destino. Ele disse que ainda não decidiu se permanecerá no cargo até o fim do governo Lula ou se irá desligar-se da função a tempo de concorrer a algum cargo.
"Achamos que o Meirelles não sairá do cargo. Pesquisas apontam que a ministra Dilma cresceu na disputa presidencial, então isso garante um posto no próximo governo ao presidente atual do BC. Contudo, caso ele se desligue do cargo, poderá gerar uma volatilidade, mas sem nenhuma mudança brusca na economia", disse Bernardo Wjuniski, economista da Tendências Consultoria.
Veículo: DCI
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