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29/06/2012 11:24 - Varejo nacional cresce a taxas mais altas
O varejo alimentar brasileiro não é dos franceses ou dos americanos. Pelo menos, de cinco anos pra cá, as redes de capital nacional nesse segmento - com 38 mil lojas e R$ 224,3 bilhões em faturamento no país - respondem pela maior parte das vendas locais e cresce a taxas superiores a dos varejistas estrangeiros.
De cada R$ 100 gastos em supermercados no Brasil, as redes estrangeiras Carrefour, Walmart e Cencosud embolsaram R$ 26 em 2011. Com os franceses do Casino no controle da holding do Grupo Pão de Açúcar, a fatia dos estrangeiros cresce para R$ 38,7.
Com base em relatório preparado pela Nielsen para a associação do setor (Abras), conclui-se que mais de 60% das vendas de supermercados no país continuam nas mãos de empresas de capital 100% nacional - nesse grupo estão redes com até R$ 3 bilhões em receita anual. E também estão mercadinhos, com lojas de até 3 caixas, vendas de R$ 2,2 milhões ao ano e localizados nas periferias das cidades. Eles cresceram rapidamente - e num período de maior pressão do Fisco para a redução da informalidade - com a recente expansão das classes C e D.
Números mostram ainda que nos últimos cinco anos a expansão das multinacionais empacou no país, apesar da visível agressividade dos chilenos da Cencosud, em ritmo acelerado de compras.
Em 2011, a parcela dos estrangeiros nas vendas (38,7%) foi a menor registrada desde 2006, quando atingiu 34%, com base em dados da Abras. É algo verificável também em outras partes do mundo: líderes estrangeiros não têm mais de metade das vendas em diferentes mercados - maduros ou emergentes. O Walmart, líder disparado e com força inquestionável no México, tem 41% desse mercado.
"Características geográficas de Brasil e Estados Unidos facilitam a regionalização dos mercados", diz João Carlos de Oliveira, presidente da Associação Latino-Americana de Supermercados. "Basta ir para Porto Alegre ou para Alagoas para entender melhor o que acontece" (ver reportagem abaixo).
Em relação ao quadro verificado na última meia década, de expansão mais discreta dos estrangeiros, analistas entendem que Walmart e Carrefour têm peso fundamental nessa conta.
A participação de Walmart e Carrefour nas vendas totais do setor cai porque os dois têm crescido menos que a média do setor - o setor de supermercados cresceu 11% em 2011; o Walmart, 5%; e o Carrefour, 9%. Em processos de reestruturação no país há pelos menos dois anos, as duas redes falam frequentemente que "estão atentas a novas compras" mas não anunciam novas aquisições há anos - as últimas foram em meados dos anos 2000.
Números da Nielsen, informados pela Abras, mostram que as 280 maiores redes do Brasil (excluídas as grandes cadeias) apuraram expansão de 17,1% em 2011, após alta de 33,6% em 2010. Os 20 maiores grupos (incluindo as multinacionais) cresceram 13,2%, perdendo fôlego em relação aos de 20,8% de 2010.
É fato que numa análise de mais longo prazo, na última década (de 2001 a 2011), os grupos estrangeiros mais que dobraram a sua fatia no bolo de vendas: passou de cerca de 18% (com Carrefour, Sonae e Walmart) em 2001 para 38,7% no ano passado - incluindo nessa conta a parcela do Casino como controlador do GPA.
O número de lojas com as suas marcas também deu um salto importante no país - o que explica a sensação, em algumas cidades, de se estar cercado só de lojas dos grandes grupos. Em dez anos (até 2011) essa soma pulou de 194 pontos para 3.485 lojas (de 0,2% do total de pontos para 6,1%). Esse aumento é mais perceptível na região Sudeste, onde os estrangeiros iniciaram a expansão no país.
"A construção dessas grandes marcas internacionais no país aconteceu ao longo dos últimos 15 anos, num movimento que levou à consolidação do varejo de supermercados", diz Reynaldo Saad, sócio-líder no atendimento às empresas do setor varejista da Deloitte.
Segundo Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da consultoria GS&MD Gouvêa de Souza, a necessidade de as redes europeias buscarem novos mercados nos anos 70 e 80, depois que governos locais passaram a adotar medidas regulatórias de proteção ao pequeno varejo, fez com que o Brasil se tornasse praça interessante para investimentos. Após esse período, nos anos 90, com a estabilidade econômica, a ineficiência na gestão de grupos familiares tornou-se mais evidente com o fim do ganho financeiro fácil, em tempos de inflação recorde.
Quem não se ajustou, quebrou ou vendeu o negócio, ampliando a concentração de mercado. O Pão de Açúcar abriu a corrida aos ativos no final dos anos 90. Falta de acesso a capital barato (para manter escala) também atrapalhava os planos de redes locais que tentavam resistir a pressão dos grandes compradores. Dificuldades de sucessão em empresas familiares ajudaram a abrir brechas para que Carrefour e Pão de Açúcar adquirissem novos negócios.
Foi assim até a segunda metade dos anos 2000. "Quem queria comprar, veio para o Brasil. Outros países da América do Sul não eram prioridade de investimento e aí, nesses locais, varejistas regionais conseguiram crescer, como o Cencosud, no Chile", conta Gouvêa.
Outras medidas continuaram a abrir espaço para a consolidação do setor, em especial nos últimos três ou quatro anos. As iniciativas do Fisco (por meio da nota fiscal eletrônica) para a redução da informalidade no país entram nessa conta. "A informalidade era barreira de entrada natural", diz Gouvea.
Redes familiares e bem administradas
São negócios de uma loja só, com três caixas no ponto de venda, 14 funcionários em média e venda anual de R$ 2,2 milhões. Esse é o mercadinho de bairro, espalhado às centenas pelo país e alvo de análise no último relatório do setor da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Essas redes, que passaram a ter seus resultados acompanhados mais de perto agora, não apresentaram número de vendas de anos anteriores no relatório. Mas outro número dá a dimensão do tamanho do negócio de pequenos e médios empresários no país - parte deles teve que sair da informalidade com a adoção da nota fiscal eletrônica.
O relatório da associação dos supermercados mostra que redes varejistas posicionadas entre a 101ª e 200ª colocações no ranking de 2011, com média de 8 lojas, mostram aumento nas vendas (por metro quadrado) de 16,7%. A média do mercado foi de 11,8%.
Na avaliação de Reynaldo Saad, sócio da Deloitte e especializado em empresas do setor varejista, o Brasil é bem diferente de China e Índia. Ao contrário destes, que levantaram barreiras à entrada de capital estrangeiro no varejo, o Brasil "corretamente" abriu seu mercado sem que isso desnacionalizasse o setor de forma nociva.
"Muitas redes se reestruturaram, após a entrada das multinacionais, optaram por não vender o negócio e estão em boa situação financeira".
Nesse grupo, analistas citam os Supermercados BH, de Minas Gerais, com R$ 2 bilhões em vendas em 2011, o Irmãos Muffato, localizado no Paraná, com 35 lojas e R$ 2,3 bilhões em vendas no ano passado, e outra rede menor, que entrou no ranking das 50 maiores do setor, a D'Avó Supermercados.
A maioria das redes médias e pequenas é familiar e permanece resistente a investidas das múltis, até o momento.
"Há uma expectativa de que algumas dessas cadeias brasileiras ainda possam se unir e criar uma grande rede brasileira. É uma possibilidade, mas não há sinais claros de negociações nesse sentido hoje", diz Saad. (AM)
Veículo: Valor Econômico
    
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