Jurídico
27/04/2016 12:16 - Indústria paulista consegue liminar contra aumento na taxa da Cetesb
O Ciesp-Fiesp obteve uma liminar na Justiça contra mudança na fórmula de cálculo da cobrança de licenciamento ambiental, gerando altas que podem variar entre 60% e 1.000% em São Paulo
São Paulo - A indústria paulista conseguiu suspender a mudança da base de cálculo das taxas de licenciamento ambiental, conforme liminar obtida pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Em alguns casos a taxa havia ficado até 1.000% mais cara.
A juíza da 2ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de São Paulo, Bruna Acosta Alvarez, entendeu que a alteração da base de cálculo não poderia ser feita por mera decisão de diretoria da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Na visão dela, a alteração depende de decreto do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Na decisão, ela observa que a Lei do Licenciamento Estadual "deve, a princípio, ser regulamentada por meio de decreto regulamentar de iniciativa do governador do estado, não cabendo à Cetesb, por meio de ato de sua diretoria, ampliar conceitos estabelecidos em lei".
A magistrada se refere à decisão da Cetesb que, em dezembro do ano passado, determinou que as licenças passariam a ser calculadas não com base na área construída das empresas, mas sim por terreno - na maioria dos casos é muito maior.
Impacto
Dependendo da diferença entre as áreas, a Ciesp estima que as empresas podem pagar de 60% a 1.000% a mais para obter ou renovar a licença. Para a juíza, esse nível de aumento configura, numa primeira leitura, violação aos princípios de "proporcionalidade e razoabilidade".
Em termos de arrecadação, dados do governo paulista também mostram a mudança na base surtiu efeito. Nos três primeiros meses de 2015 o governo obteve R$ 6,049 milhões, R$ 7,038 milhões e R$ 8,974 milhões com as licenças. Já no mesmo período de 2016, os valores subiram para R$ 7,994 milhões, R$ 9,422 milhões, e R$ 12,743 milhões, alta de cerca de 36,7%.
Ao considerar que o "perigo de dano [às empresas] é evidente", a juíza da vara paulista concedeu a liminar, suspendendo a mudança de cálculo até posterior decisão para todas as empresas associadas ao Ciesp, braço operacional da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp).
"No caso em tela, verifica-se presentes os requisitos autorizadores da concessão liminar, uma vez que há relevante fundamento no sentido de que direito líquido e certo dos substituídos da impetrante (Ciesp) está sendo violado por meio de ato administrativo da autoridade coatora, que contraria os princípios da legalidade e da razoabilidade", acrescentou também a magistrada.
Procurada pelo DCI, a Cetesb informou apenas que vai recorrer da decisão e que está preparando os recursos.
Desconhecimento
O diretor do departamento jurídico da Fiesp-Ciesp, Helcio Honda, destacou que num cenário em que se discute o aumento de taxas e contribuições é necessário ter cautela. "Precisamos ter muito cuidado com isso. Não podemos aumentar [tributos] dessa forma", comenta. Ele destaca que é preciso respeitar as vias legislativas adequadas. "A Cetesb tem poder para fazer a fiscalização, mas não tem poder impositivo para alargar a tributação dessa forma", afirma ele.
Outro aspecto da mudança do cálculo do licenciamento, segundo Honda, é que muitas empresas sequer se deram conta de que a tarifa ficou muito mais cara. Em primeiro lugar, isso ocorreria porque as companhias têm dificuldade em fazer o acompanhamento da base legislativa, que muda constantemente.
Um agravante é que como o licenciamento é pago apenas de tempos em tempos, fica difícil comparar o avanço da tributação. "É algo que não se consegue mensurar facilmente. Não é como quem vai no supermercado toda semana e percebe o aumento. É como se fosse um produto que você compra a cada três anos. Você vai lembrar quanto pagou da última vez? No máximo vai reclamar que está caro", diz ele.
Honda comenta, que a princípio, o montante de empresas afetadas pela mudança do cálculo da taxa de licenciamento estaria na casa das dezenas de milhares. Apesar de em tese as taxas mais altas impactarem uma infinidade de segmentos de negócio, segundo apurou o DCI, as usinas de etanol e açúcar são um exemplo das que estão sendo afetadas.
Honda explica ainda que a discussão com a Cetesb, por enquanto em trâmite na primeira instância, deve prosseguir para o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) e provavelmente também para os tribunais superiores. Apesar de entender que a liminar é uma "boa vitória para os contribuintes", ele acrescenta que o aumento da taxa poderia feito, desde que respeitadas as vias corretas. "Não estamos dizendo nem que não se pode aumentar, apenas que isso deve ocorrer de acordo com as normas legais", aponta ele.
Roberto Dumke
Fonte: DCI (27.04.2016)

Veja mais >>>
28/07/2025 13:59 - Entra em vigor lei do consignado para trabalhadores do setor privado28/07/2025 13:59 - Crédito presumido de ICMS não entra na base de cálculo de IRPJ e CSLL
28/07/2025 13:58 - Usuários do Gov.br serão avisados para ampliar segurança das contas
28/07/2025 13:57 - Veja mitos e verdades sobre acidentes e prevenção no trabalho
25/07/2025 14:04 - LEI Nº 15.179, DE 24 DE JULHO DE 2025
25/07/2025 14:03 - Mantida justa causa de açougueira que pesava carnes caras com códigos de carnes baratas para favorecer conhecidos em Uberlândia
25/07/2025 14:02 - Financeiras poderão exercer atividade de fintech de crédito
25/07/2025 13:49 - Confira os feriados de agosto que suspendem atendimento na 2ª Região
24/07/2025 14:13 - Carf cancela multa por falta de homologação de dívida
24/07/2025 14:13 - Justiça confirma justa causa de frentista que bebeu durante expediente
24/07/2025 14:12 - Cancelada Súmula n. 66 do TRT-MG
24/07/2025 14:11 - TRT-RJ amplia uso do Domicílio Judicial Eletrônico para intimações pessoais e atualiza prazos de manifestação
24/07/2025 14:10 - CNJ comunica vazamento de dados de 11 milhões de chaves Pix
23/07/2025 12:30 - MP de compensação do IOF é prorrogada até outubro
23/07/2025 12:30 - Anvisa promove diálogo setorial virtual sobre RDC 843/2024