Nesta quinta-feira, no porto de Itajaí (SC), a Gomes da Costa deu início ao embarque do primeiro lote de pescado vendido ao Iraque por uma empresa brasileira. Serão 300 mil latas de atum, em um negócio total de US$ 250 mil, de acordo com o diretor comercial internacional da empresa, Dario Chemerinski.

A companhia começou a se interessar pelo mercado dos países árabes, afirma o diretor, há três anos, quando ela passou a exportar atum para a Líbia. O negócio foi motivado pelo fato de o país do norte africano ser o de maior consumo per capita do peixe no mundo, afirma Chemerinski. Cada líbio consome, em média, 5 quilos de atum por ano, volume consideravelmente superior aos 3,5 quilos per capita consumidos anualmente na Espanha - país de origem do grupo Calvo, dono da Gomes da Costa desde 2004, e o vice-campeão nesse ranking.

O embarque para o Iraque, a Líbia ou outros de maioria muçulmana não requer a adoção dos rituais islâmicos exigidos para o abate de frangos, bovinos e outros animais, diz o diretor, mas há alterações para que o produto se enquadre no perfil de consumo desses países.

Além da adaptação de rótulos e embalagens para o idioma local, o sabor do pescado também é modificado. "Em visitas aos países, em feiras e nas vendas para esses mercados, aprendemos que eles preferem um peixe menos salgado que o consumido no Brasil", diz Chemerinski. A carga exportada aos países árabes, assim, tem um nível de sódio 40% menor que o do enlatado comercializado no mercado brasileiro.

Para Líbia, Líbano e outros mercados, a Gomes da Costa também já exporta sardinha em lata, oferta que ainda não será feita ao mercado iraquiano. O novo destino das exportações da companhia, contudo, reforça uma estratégia de vendas ao exterior mantida mesmo sob um cenário de real valorizado, fator que desestimula os embarques. E a estratégia não tem relação com o fato de esses países terem maioria muçulmana.

"Com a receita do petróleo, a qualidade de vida das pessoas tem melhorado. Isso sofistica o consumo, e o atum entra nesse contexto", afirma o diretor. Egito, Arábia Saudita e Líbia, os três maiores importadores desse bloco de países, estão entre os dez maiores importadores do produto no muindo.

O comércio externo ainda responde por uma fatia pequena da receita total da Gomes da Costa, mas ela é crescente. Em 2008, a empresa registrou faturamento de R$ 320 milhões - foram US$ 13 milhões em exportações. Neste ano, as vendas ao exterior devem atingir US$ 20 milhões - os países árabes já respondem por 15% desse bolo. Neste ano, ao iniciar embarques para a Austrália, a empresa passou a vender para todos os continentes. São, ao todo, 30 países.

Veículo: Valor Econômico