Carnes / Peixes
29/05/2017 11:42 - Mafrig recebe certificação de entidade do MT
Cuiabá (MT) - A unidade de Tangará da Serra (MT) da Marfrig Global Foods será a primeira a ter a produção certificada pelo Instituto Mato-Grossense da Carne (IMAC). O selo é concedido para produtos de animais nascidos e criados no Estado. Os cortes deverão chegar aos supermercados em 60 dias.
Técnicos do instituto verificarão informações sobre a sanidade e rastreabilidade dos animais que receberão o selo, que não envolverá bonificações ao produtor. "Não existe um cenário mais positivo para mostrarmos para a sociedade que tudo que esse processo e que podemos fazer uma pecuária sustentável e que atenda aos consumidores", afirmou o presidente do Imac, Wagner Bacchi.
Para que a produção do Marfrig possa receber o selo a unidade de abate teve que passar por adaptações. Ela será a primeira do Brasil a utilizar o sistema de pesagem conhecido como "caixas pretas". São seis balanças nas quais o peso do animal é mensurado em diferentes etapas, desde a chegada na planta até após o abate. "Isso faz com que tenhamos uma visualização clara do rendimento das operações", afirmou o CEO da Marfrig, Martin Secco.
A inspiração vem do Uruguai. O sistema, batizado de controle eletrônico de abate de bovinos, foi criado e implementado pelo Instituto Nacional da Carne (INAC) em todas as unidades do país, em 2007."Teremos pequenas variações entre o sistema uruguaio e brasileiro nos locais de disposição das balanças, mas a tecnologia é quase a mesma", observou Secco, que é uruguaio.
O diferencial desse modelo é que o controle do peso dos animais é controlado de forma independente, fora do frigorífico e não pelas empresas. Os dados das balanças serão enviados para o Imac, que irá informar o peso ao frigorífico para o pagamento. Essa mudança pode ajudar a resolver um questionamento recorrente dos produtores sobre a transparência no pagamento recebido das indústrias, já que não têm acesso ao processo. "O Marfrig foi a primeira indústria a abrir mão da balança própria para mostrar à sociedade que existe transparência nesse negócio", afirmou Bacchi. Segundo ele, outras quatro unidades de abate do Estado, de diferentes empresas, adotarão o sistema ainda neste ano.
"Todos os frigoríficos que operam no Estado demonstraram interesse e nada impede que esse número cresça ainda mais", salientou.
Mato Grosso tem 24 unidades de abate e o maior rebanho do País, com 30 milhões de cabeças. O sistema tem custo estimado de R$ 350 mil para as empresas. Caberá ao Imac bancar os técnicos que irão conferir os dados.
Novos mercados
O governo mato-grossense também tomará medidas para que os frigoríficos instalados no Estado não sejam prejudicados por incertezas envolvendo os negócios da JBS.
Na última sexta-feira (26), o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Idea-MT), Guilherme Nolasco, confirmou à diretoria da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) que as indústrias frigoríficas que possuem o selo do Serviço de Inspeção Sanitária Estadual (Sise) poderão aderir ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa). A adesão será feita por meio do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa).
O Sisbi permite que empresas que até então estavam habilitadas a vender apenas dentro do Mato Gosso possam acessar mercados em outros estados e a inclusão no sistema deverá ocorrer em 30 dias. Atualmente, 48,8% dos abates no Estado são realizados pelo JBS e 77% distribuídos entre cinco empresas.
De acordo com levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), outras 42 empresas abateram 22,9% do total de 2015. Em Mato Grosso, 90% dos bates é realizado por empresa que possuem Selo de Inspeção Federal e que os frigoríficos com inspeção estadual representaram 8,16% dos abates totais do Estado.
Para Wagner Bacchi, do Imac, medidas como esta e a redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a venda de gado em pé a outros estados, que ainda está em estudo, podem fomentar a pecuária no Mato Grosso.
"O produtor não pode ser tolhido das suas possibilidades sua venda," avaliou o presidente do Imac.
Fonte: DCI São Paulo
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