Projeto de lei da Câmara de Campinas proíbe a comercialização de carne previamente moída pelos açougues e mercados da cidade. A proposta prevê que a carne só poderá ser moída no momento da venda e na presença do consumidor. As carnes moídas industrializadas ficam liberadas, desde que sejam vistoriadas pelos órgãos competentes e que carreguem um selo de qualidade. A medida, segundo o autor da proposta, o vereador José Carlos Silva — o Zé Carlos (PSB) — garante a procedência do produto e zela pela saúde do consumidor. O projeto seria votado nesta quarta-feira (3) com urgência, mas foi retirado da pauta e deve voltar nas próximas sessões.
 
Uma das justificativas do vereador é de que em alguns casos partes do animal que não serviriam para o consumo, como gorduras, nervos, peles e outros componentes, são adicionados à carne antes de moer. “Muitas pessoas vêm reclamar para a gente que vai comprar carne moída e, muitas vezes, não vem a carne que a pessoa escolheu. Sabemos também que no meio dessas carnes moídas o pessoal coloca sebo e carne que nem cachorro come. É a ganância de ganhar dinheiro, não importa como. Pelo projeto, a carne só poderá ser moída na frente do freguês.”
 
O vereador também destacou que se trata de uma questão de saúde pública e, no projeto, afima que foram constatados em alguns países a infecção pela bactéria Escherichia coli, alojada na carne moída. Outro problema apontado por ele é o da conservação, já que em alguns casos a carne fica acondicionada em embalagens nos supermercados e hipermercados e, nos “casos mais graves”, como destacou, o produto fica exposto em bandejas nos açougues, sem data de validade, pouca refrigeração e sem as condições de higiene que a legislação exige. “É uma questão de saúde pública. E a gente tem que saber qual a procedência dessas partes.”
 
Os consumidores viram o projeto com bons olhos. “Perfeito. Quando você pega a carne que já está moída, você não sabe que carne é, há quanto tempo que ela está lá”, afirmou o chef de cozinha Ronaldo Alves Bezerra. “Nesses lugares, moem muito sebo junto e a carne fica parada por bastante tempo. Quando vai ficando velha eles vão moendo carne nova e põe junto para disfarçar. A lei é muito boa para evitar isso daí”, contou a diarista Michele Cristina Dias, de 31 anos. “Moída na hora é mais saudável e mais fresquinha”, acrescentou a auxiliar administrativa Andreza Souza, de 27 anos.
 
No açougue Visconde, no Centro, a medida já é adotada há cerca de dois anos, como afirma o gerente Odair José Barbosa. “Aqui só moída na hora. Faz tempo que a gente já trabalha dessa forma. A fiscalização pegou no pé e a gente padronizou essa conduta de moer só na hora. É melhor. O cliente prefere e a gente oferece uma carne mais fresca”, afirmou. O projeto seria votado na quarta, mas foi retirado da pauta do dia e deve voltar a ser votado nas próximas semanas.
 
Nesta quarta-feira também foi votado e aprovado em primeira discussão o projeto do vereador Zé Carlos que obriga os estabelecimentos comerciais de Campinas a especificar nos cardápios a medida precisa dos alimentos servidos em porções. Também seria votado em regime de urgência, o projeto de lei que institui a forma de cobrança pela estadia de veículos nos estacionamentos particulares de Campinas. O projeto teve a urgência retirada pelo próprio vereador, que se recupera da dengue, e também deve voltar à pauta nas próximas sessões.
 
Fonte: Jornal Correio Popular