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30/06/2016 13:05 - CARNES: Setor espera aumentar vendas para o Reino Unido

Apesar das muitas incertezas, a indústria brasileira de carnes recebeu a aprovação da saída do Reino Unido da União Europeia como uma oportunidade
 
Sem as amarras e subsídios do bloco europeu, os britânicos tendem a importar mais carnes do Brasil.
 
Impacto - Do outro lado, as negociações em torno do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que já se arrastavam, não devem sofrer alterações repentinas, apesar de exigirem a atenção redobrada do segmento. "Tendo a acreditar que o impacto vai ser favorável", disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods, segunda maior exportadora de carne bovina do país. Para ele, o Reino Unido demandará mais produtos de fora da Europa, o que pode beneficiar a carne bovina do Brasil. "Eles são importadores de alimentos e, estando fora do mercado comum europeu, vão importar mais de outras regiões", disse.
 
Tendência - Outra tendência positiva é que o Reino Unido não deve ser mais protecionista do que a União Europeia, defendeu Galletti. "Na pior das hipóteses, o Reino Unido será igual. Na melhor, pode ter alguma flexibilização", acrescentou.
 
Resultado - Segundo ele, o protecionismo de Bruxelas é fruto, principalmente, de países como França e Irlanda. A avaliação do empresário é corroborada pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli. "Pior não vai ficar." O Reino Unido é o segundo maior importador de carne bovina industrializada do Brasil.
 
Posição - Ao todo, é o 11º maior cliente dos frigoríficos do país, comprando pouco mais de 2% da carne bovina exportada. Considerando apenas a carne processada, o país representa 25,7%. Na carne de frango também é possível ampliar as exportações, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Para ele, atualmente há um "pacto de preferência" para compra de carne de frango produzido na UE. Fora do bloco, o Reino Unido tende a comprar mais carne do Brasil, sobretudo porque o frango brasileiro custa menos.
 
Aquisição - O Reino Unido adquire 2% das exportações de carne de frango do Brasil. Turra ressaltou que o processo de saída do Reino Unido precisará ser acompanhada com muita atenção pela indústria brasileira de carne de frango, sobretudo no que diz respeito à negociação do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul. Há risco na negociação de cotas de exportação nesse acordo, disse Turra.
 
Cota - Segundo ele, as discussões previam cota de exportação do Brasil para a UE de 500 mil toneladas de carne de frango por ano, acréscimo de 370 mil toneladas sobre a cota atual com tarifa zero. Turra admitiu que a saída do Reino Unido pode implicar redução da cota. "Pode acontecer também, mas é uma briga. É algo que fica em aberto", disse.
 
Curto prazo- No curto prazo, o câmbio pode ser a principal fonte de instabilidade para exportadores brasileiros. Na avaliação do superintendente de agronegócios do Santander Brasil, Carlos Aguiar, a depreciação da libra e do euro pressionam as margens dos exportadores. Para recompô­las será preciso elevar os preços. "Mas ainda é difícil saber se vão conseguir [aumentar preços] ou não." Além disso, o superintendente do Santander chamou atenção para a "paulada" que os exportadores que possuem recebíveis em libra ou euro podem ter sofrido.
 
Recebível menor- "Com a desvalorização, num primeiro momento o recebível fica menor", disse Aguiar, ponderando que esse impacto será "pontual". Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Marco Antônio Buainain, os impactos da saída do Reino Unido no mercado de commodities agrícolas no mundo deve ficar restrito aos ajustes cambiais.
 
Ajuste - "A Inglaterra não é um grande exportador ou importador de commodities agrícolas, por isso acredito que os preços comercializados nas bolsas do país vão apenas se ajustar ao câmbio", afirmou. No longo prazo, a decisão do Reino Unido não deve provocar muitos impactos no mercado de commodities, concordou o professor de economia da Universidade de São Paulo, Decio Zylbersztajn.
 
Continuidade - "Vamos continuar vendendo para esses caras, não tenho dúvida disso. A demanda por alimentos não vai cair. O alimento é o que passa mais batido por tudo isso", destacou o economista.
 
Veículo: Portal do Agronegócio

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