Carnes / Peixes
02/06/2015 10:18 - Carnes sangram o bolso
Preços de cortes bovinos sobem até 13,39% entre janeiro e maio em Belo Horizonte. Alta já faz a clientela trocar o bife de boi por frango, mais barato
A dona de casa Magda Lúcia da Silva, de 74 anos, reduziu a quantidade de carne que costumava comprar nos açougues de Belo Horizonte. O motivo ela mesma explica: “O quilo do bife que eu gostava de levar para casa saía por menos de R$ 15 no início do ano. Agora, está acima de R$ 20”. O preço médio de alguns cortes bovinos e suínos subiu mais que a inflação, como mostra uma pesquisa divulgada ontem pelo site Mercado Mineiro.
Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, avançou 5,23% no acumulado de janeiro a maio, o preço médio do quilo da fraldinha saltou 13,39%, de R$15,53 para R$17,61. A mesma quantidade da orelha de porco, ingrediente necessário para uma feijoada completa, avançou 22,85%, de R$ 4,42 para R$ 5,43.
As altas no varejo, contudo, não significam que os criadores estão lucrando mais. Afinal, a forte estiagem que castiga o Brasil nessa década aumentou o gasto com ração, captação de água, energia elétrica e outros custos. O problema é que o país entrará novamente no período de entressafra. A variação dos preços para o consumidor, porém, vai depender da demanda.
Tanto do consumo interno quanto do externo. Vale lembrar que a China e o Brasil firmaram um acordo, há algumas semanas, para que o país asiático volte a comprar produtos de frigoríficos do estado.
“Para o varejo, o preço pode aumentar por um período. Mas a questão do poder aquisitivo da população pode fazer com que isso não se consolide. Se meu poder de compra diminui, eu não consigo consumir como antes. Isso pressiona para que o preço não suba tanto. Mas a gente está vivendo um cenário tão crítico, que faz com que o cliente troque a cesta de produtos”, avalia Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Maria de Souza, de 51, já trocou sua cesta de consumo. Há seis meses ela não compra carne bovina: “Troquei pela de frango”. A pesquisa do Mercado Mineiro apurou que nenhum dos oito cortes de ave pesquisados teve aumento acima da inflação. O quilo do frango congelado, aliás, caiu 4,66%, de R$ 5,80 para R$ 5,53. O da asa resfriada se manteve em R$ 9,56. A maior alta foi no coração (4,03%), mas abaixo da inflação do período (5,23%).
SOLA DE SAPATO Em razão disso, a aposentada Elizabeth Sampaio, de 61, também reduziu o consumo de boi: “Estou comprando mais carne de frango”. Ela conta, no entanto, que quem gasta sola de sapato pode encontrar preços camaradas nos cortes bovino. “Sempre há promoção. Batalhando, batalhando, a gente acha oferta boa”.
O levantamento do Mercado Mineiro confirma o que ela disse. A diferença de alguns produtos é exorbitantes entre os estabelecimentos pesquisados. A diferença entre o menor e o maior preços, dependendo do corte, chega a três dígitos, em BH. É importante frisar que a pesquisa não leva em conta a qualidade e o prazo de validade das mercadorias.
“Entre os de frango foram identificadas variações de até 150,08%, caso do peito resfriado (R$ 5,99 a R$ 14,98). Quanto a carne bovina, a maior variação (215,13%) foi na fraldinha, que apresentou preços de R$ 11,90 a R$ 37,50. A peça de alcatra tem preços de R$ 15,99 a R$ 46,69 (oscilação de 191,99%). Entre os cortes suínos, as variações chegam a incríveis 524,15%, caso do filé de lombinho (de R$ 8,49 a R$ 52,99)”, comparou Feliciano Abreu, diretor-executivo do site.
Veículo: Estado de Minas
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