A Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa cristã e no qual muitos tendem a optar, devido a razões religiosas, por peixes ao invês da carne, costumava ser uma das épocas mais aguardadas do ano pelas peixarias. Mas, neste ano, os empresários observam que o movimento ainda não cresceu da forma esperada e afirmam que a retração frente a idêntica época do ano passado chega a 30%. Para eles, a variação negativa está relacionada, principalmente, ao aumento dos preços.

Na Peixaria São Francisco, com uma unidade na Feira dos Produtores (região Nordeste) e outra na Praça do Peixe, no bairro Bonfim (região Noroeste), as vendas caíram 30% na comparação com a Quaresma de 2014. "Os peixes estão mais caros, pois a falta de água interfere na reprodução daqueles criados em cativeiro e, além disso, a alta do dólar encarece os importados, como salmão, merluza e o bacalhau, um dos mais demandados neste período", afirma o proprietário, Francisco Baptista de Mello.

Ele explica que, há alguns anos, costumava chamar este intervalo de "Natal dos peixeiros". "No ano passado, o consumo neste período foi 30% superior em relação ao restante do ano e para repetir esse resultado vou precisar me esforçar", argumenta. Para melhorar o desempenho das peixarias, Mello revela que aumentou o rigor em relação à qualidade dos produtos e ainda conta com a lealdade dos clientes, já que o seu negócio está no mercado desde 1957.

No Armazém do Mar, localizado no bairro Vila Oeste (região Oeste), a queda é de 10% no confronto com a Quaresma de 2014. A maior parte da clientela da empresa é formada por restaurantes e com o intuito de concluir o período pelo menos com resultados semelhantes aos do ano passado, o proprietário, Alessandro Barroso, contratou três novos funcionários para a equipe comercial.

Além disso, o empresário começou a trabalhar com margens de lucro menores e evita repassar o aumento integral dos custos para o consumidor. "Espero reverter esse cenário e alcançar expansão de 10% neste período, que é um dos mais rentáveis do ano, junto com o último bimestre", afirma, acrescentando que o bacalhau é o produto mais procurado neste período.

Na Peixaria Modelo, no Mercado Central, a Quaresma ainda é época campeã em vendas do ano, quando a demanda cresce aproximadamente 25%. De acordo com o proprietário, Alfredo Suarez, a demanda é estável frente ao mesmo período do ano passado, resultado considerado dentro das expectativas projetadas. Ele observa que, embora os produtos estejam entre 10% a 15% mais caros, o consumidor faz questão de consumir os pescados.

A rede Super Nosso, no entanto, observa crescimento de 10% no consumo de peixes na comparação com a mesma época do exercício anterior. Conforme o gerente do Departamento de Perecíveis, Christian Morais, a expansão está relacionada às três peixarias frescas instaladas em três lojas da rede - Xuá, Lourdes (região Centro-Sul) e Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte).

A empresa também investe cada vez mais em uma maior divulgação desses produtos. "Os peixes estão presentes em nossos folhetos de ofertas e em destaque no nosso e-commerce. O cliente é atraído também pela variedade, tanto de peixes quanto de frutos do mar. Na Semana Santa, por exemplo, reforçamos bastante o nosso estoque de bacalhau", diz.



Veículo: Diário do Comércio - MG