Empregados de uma processadora da Swift & Co., unidade da JBS. Uma aquisição na Austrália abrirá as portas da Ásia para o grupo brasileiro. A JBS S.A. já é a maior produtora de carne do mundo, mas a empresa brasileira ainda tem fome de aquisições.

Na quinta-feira, a JBS informou que comprará o frigorífico paranaense Big Frango por cerca de US$ 165 milhões (aproximadamente R$ 430 milhões). O anúncio foi feito apenas algumas horas depois que a JBS revelou um acordo de US$ 1,25 bilhão para adquirir a Primo Group, maior produtora australiana de presunto e toucinho.

“Nunca ocultamos o fato de que somos uma empresa com crescimento em seu DNA”, disse o diretor-presidente da JBS, Wesley Batista, em conversa com analistas na semana passada em São Paulo.

A empresa, que começou em 1953 com um único açougue, já completou mais de dez aquisições no mundo todo desde 2005. Ela ampliou sua presença nos Estados Unidos com a aquisição da produtora de frangos Pilgrim’s Pride por US$ 800 milhões, em 2009.

No início do ano, a subsidiária Pilgrim’s Pride fez uma oferta multibilionária pela Hillshire Brands Co., na tentativa de ampliar sua presença no setor de alimentos embalados americano, mas o esforço terminou frustrado.

A JBS, cuja receita líquida subiu 23%, para cerca de US$ 36,9 bilhões, no ano passado, é a maior produtora mundial de proteína animal, com operações em 24 países nos cinco continentes.

Se essas aquisições recentes sinalizam uma tendência contínua, a expansão constante apresenta desafios, afirmou na sexta-feira João Pedro Brugger, analista da corretora Leme Investimentos. “A empresa está crescendo muito, mas essa estratégia torna sua gestão mais complexa e difícil, em especial porque ela agora está presente em vários continentes”, disse Brugger.

A JBS é controlada pela família Batista, que detém 41,12% do negócio, fundado pelo patriarca José Batista Sobrinho. Suas iniciais formam o nome da empresa.

Alguns dos maiores bancos estatais do Brasil também são grandes acionistas, incluindo o Banco de Desenvolvimento Nacional (BNDS), com uma participação de 24,6%, e a Caixa Econômica Federal, com 10,1% das ações.

Com as aquisições da semana passada, a empresa de alimentos reforçou a sua presença no sul do Brasil, assim como na Austrália, país que é considerado uma porta para o mercado asiático.

O frigorífico Big Frango é um dos maiores grupos do setor avícola no sul do Brasil, com vendas anuais de mais de R$ 1 bilhão, disse Batista na quinta-feira em teleconferência com analistas. Já o acordo para comprar o Primo Group, disse ele, permitirá que a JBS aproveite a reputação da Austrália de oferecer produtos agrícolas de alta qualidade, num momento em que a China tem sido abalada por escândalos no setor alimentício. A Primo exporta seus produtos para várias partes da Ásia, incluindo a China.

“Essa aquisição está fortemente alinhada com nossa estratégia global de expandir nossa presença na categoria de produtos com maior valor agregado e marcas bem conhecidas”, disse Batista. “Mas talvez o maior benefício seja a posição estratégica para atender ao mercado asiático.”

A estratégia de aquisições da JBS vem dando frutos. A empresa registrou lucro de R$ 1,09 bilhão no terceiro trimestre, resultado trimestral recorde até agora, em comparação com R$ 219,8 milhões no mesmo período do ano anterior.

No mês passado, a Fitch Ratings elevou a classificação de crédito da empresa de alimentos, tanto das operações no Brasil como no estrangeiro, citando melhora no perfil da JBS após a integração da Seara Brasil. Em 2013, com a aquisição de mais de US$ 2,2 bilhões da Seara da Marfrig Alimentos SA, a JBS se tornou a segunda maior produtora de carne processada no país, atrás apenas da BRF SA .



Veículo: Valor Econômico