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08/10/2014 08:57 - Preço da carne sobe em 18 capitais brasileiras

Segundo o Dieese, produto influenciou a cesta básica em Porto Alegre, que ficou 0,62% mais cara em setembro



Quatro de 13 produtos que compõem a cesta básica registraram alta de preços na Capital. Em setembro, os porto-alegrenses pagaram mais caro pela carne (1,71%), o feijão (1,86%), o arroz (2,35%) e o tomate (1,8%) que consumiram. Em compensação, encontraram mais baratos a farinha (-3,23%), a batata (-5%), o pão (-0,26%), o café (-2,40%), a banana (-0,51%), o óleo (-2,56%) e a manteiga (-1,08%). Ainda assim, segundo levantamento do Dieese, o valor do conjunto de gêneros alimentícios essenciais ficou mais caro em 0,62%, passando de R$ 325,64 em agosto para os atuais R$ 327,65. “Embora o preço da maior parte dos produtos tenha caído, enquanto o custo do açúcar e do leite ficou estável, a carne puxa esta variação”, observa a economista do Dieese Daniela Baréa Sandi, lembrando que este item representa 40% do gasto mensal dos consumidores.

Além de Porto Alegre, em setembro, a cesta básica também sofreu alta em Goiânia (1,36%), Aracaju (1,15%), Brasília (1,1%), Manaus (0,26%) e Florianópolis (0,04%). Já outras 11 capitais registraram quedas no custo do conjunto de alimentos, enquanto em Belo Horizonte o valor da cesta se manteve praticamente estável (0,01%). No entanto, em todas as 18 cidades pesquisadas pelo Dieese, a carne está mais cara. O aumento de preço deste produto, segundo Daniela, está vinculado às exportações para a Rússia, que diminuíram a oferta no mercado interno.

No ano, a carne representou alta de 9,8% em Porto Alegre, enquanto a cesta básica recuou 0,46%, registrando variação de 5,24% em 12 meses. Neste período, a carne subiu 15,13% na Capital. Também os preços do tomate e do pão encareceram a cesta gaúcha em 12 meses, variando 16,52% e 11,30%, respectivamente, desde setembro de 2013. “Apesar de, nos últimos dez anos, ter ocorrido uma melhoria no poder de compra dos trabalhadores, o valor da cesta básica na Capital compromete praticamente a metade (49,19%) do salário-mínimo em vigor (R$ 724,00), sobrando muito pouco para suprir as demais despesas de uma família (casal com duas crianças), como moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”, destaca Daniela.

Segundo a economista, em setembro deste ano, o salário-mínimo necessário para cobrir todos os itens do orçamento familiar deveria ser de R$ 2.862,73. “Considerando a jornada mensal de 220 horas, em setembro, o trabalhador assalariado teve de trabalhar 99 horas e 34 minutos para adquirir os bens alimentícios básicos.” Segundo a pesquisa, essa jornada foi maior do que a registrada em agosto deste ano (98h57min) e menor do que a necessária em setembro de 2013 (101h01min). A situação é pior em Florianópolis e São Paulo, onde a cesta básica custa R$ 340,76 e R$ R$ 333,12, respectivamente.
Para a FGV, alta dos alimentos não é generalizada

A aceleração dos preços de alimentos no varejo em setembro não é algo generalizado, explicou ontem o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, os preços das carnes têm impulsionado a inflação ao consumidor, mas o movimento para por aí, já que hortaliças e legumes, panificados e biscoitos, óleos e gorduras continuaram ficando mais baratos no mês passado.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,49% em setembro, após alta de 0,12% em agosto, no âmbito do Índice Geral de Preços — Disponibilidade Interna (IGP-DI). As carnes bovinas ficaram 2,72% mais caras, acompanhando um movimento já observado no atacado, diante de perspectivas de maior demanda para exportação. Com isso, bens substitutos como aves e suínos também têm apresentado aumento de preços.

“Não vemos aceleração da alimentação de forma generalizada. Mas todas as carnes, juntas, já são cerca de 20% da despesa com alimentação no domicílio, que subiu 0,56% em setembro”, observou Quadros. Em agosto, a alimentação no lar havia ficado 0,08% mais barata.

Do outro lado da balança, seguiram mais baratos alimentos como ovos (-2,22%), hortaliças e legumes (-4,63%), panificados e biscoitos (-0,51%), além de óleos e gorduras, impactados pela queda nos preços da soja no atacado. Apesar disso, o efeito do grão no varejo é mais limitado do que o da carne, uma vez que a soja brasileira é voltada principalmente para exportação.

Uma herança da recuperação pós-estiagem, a queda dos alimentos in natura ainda tem força para se manter por mais um tempo, apostou o superintendente. A aceleração tem sido a passos lentos — a queda em agosto era de 5,51%. “Além disso, a batata-inglesa no atacado voltou a cair com intensidade”, notou Quadros. No IPC, a batata havia acelerado de -21,47% para -12,20%, movimento que pode sofrer nova inversão.

Ainda no IPC, a tarifa de eletricidade residencial subiu 2,01%, diante de reajustes em Salvador e Brasília, bem como de um aumento em impostos que incidem sobre a tarifa. O fim da queda nos preços dos hotéis, após os fortes aumentos durante a Copa do Mundo, também levou à aceleração da inflação. Na gasolina, a explicação para alta de 0,90% pode estar no preço de importação do bem, já que não houve reajuste nas refinarias nem aumento no preço do álcool anidro.



Veículo: Jornal do Comércio - MG

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