Os frigoríficos do País iniciaram uma corrida para reduzir a oferta de matrizes na tentativa de sustentar os preços do frango. Após pico em agosto de 2008, a cotação média do produto já recuou 32%. Cinco meses após superar, pela primeira vez , a marca dos US$ 2 mil por tonelada, o preço médio da carne de frango alcançou US$ 1.384,29 por tonelada no mês passado - números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) -, além de registrar no mesmo período quedas de 11,80% e 7,16% sobre os valores registrados em janeiro e dezembro do ano passado, respectivamente.

O objetivo das indústrias é ampliar o descarte das aves reprodutoras e reduzir de forma expressiva o alojamento de pintinhos. Gigantes do setor, que costumam trabalhar com uma alta formação de estoques, continuam anunciando férias coletivas e a paralização de unidades.

O ajuste de estoques já resultou em férias coletivas a mais de 25 mil trabalhadores da indústria produtora de aves em todo o País.

Ontem a Perdigão anunciou a suspensão de mais duas unidades de produção de aves. A parada técnica deve atingir 5,1 mil funcionários no Paraná e Santa Catarina a partir da próxima segunda-feira. Desde a semana passada, a Perdigão anunciou férias coletivas para quase 9 mil funcionários de cinco fábricas diferentes.

Na Sadia, cerca de 12 mil funcionários, o equivalente a 20% do total de colaboradores da empresa, cumpriram férias coletivas na virada do ano. Após a Sadia ter rescindido contrato com a Nicolini, processador de carne suína e de frango que trabalhava exclusivamente para atender à empresa, o frigorífico anunciou demissões e férias coletivas. O Minuano, outro frigorífico parceiro da Sadia, concedeu férias coletivas para 2,7 mil funcionários das três unidades que possui no Rio Grande do Sul. No mesmo estado, a Doux Frangosul optou por férias escalonadas, com paradas de 30 dias para cada um dos três turnos nos quais a empresa trabalha.

De acordo com a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, novos pedidos surgiram para a Frangosul, que concluiu que não seria necessária uma nova parada de um mês.

Após a implementação de um programa de redução, os avicultores já conseguiram diminuir a oferta mensal de pintinhos em 13% nos últimos quatro meses, de 496 milhões de unidades para 430 milhões, cumprindo parcialmente a recomendação da União Brasileira de Avicultura (UBA) para recuar a oferta em 20%. Para que a oferta se ajuste a atual demanda, o ideal é esse número mensal chegue a 400 milhões. No caso das matrizes, a expectativa da UBA é que em janeiro a redução da oferta, recomendada em outubro, chegue a 10%, num total de 3,5 milhões de aves. "Além da queda das exportações, as empresas tiveram problema de crédito e por isso tiveram que reduzir a demanda", afirmou Ariel Mendes, presidente da UBA.

O volume de carne de frango no mercado doméstico em dezembro teve um aumento de cerca de 9,8% sobre o mesmo mês de 2007. Em 2008, a disponibilidade interna acumulada um crescimento de 5,3%.

Para retomar as exportações, Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), afirma que o setor está buscando novos mercados. "Precisamos implementar negócios com a China, Índia e estamos tentando abrir uma porta no México".

A desvalorização do frango brasileiro no mercado internacional se deu, principalmente, em razão da retração dos embarques para a Rússia e o recuo da demanda no Japão, da ordem de 5%. Além disso, a queda no preço do petróleo fez com os países do Oriente Médio passassem a pressionar os preços.

Drawback

Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, disse que o governo vai anunciar as regras para o drawback verde-amarelo, medida que irá isentar de impostos os insumos brasileiros que servem de matéria-prima para a exportação. "Acredito que até o fim do mês iremos oficializar essa questão", afirmou. A medida irá atender os exportadores de frango e de suínos, que têm no milho e na soja as principais matérias-primas.

O drawback tradicional permitia apenas o desconto de impostos sobre componentes e outros insumos importados. Com o aperfeiçoamento do modelo tradicional a medida deverá favorecer tanto os exportadores quanto os fornecedores nacionais de insumos. A avicultura responde por quase metade de do consumo interno de milho. Em 2008, o setor consumiu 21,8 milhões de toneladas.

Veículo: DCI