Michele Valverde

A colheita de café em Minas Gerais está bem avançada e vem confirmando as perdas provocadas pela estiagem atípica registrada ao longo dos primeiros três meses de 2014. Até o momento, a colheita da safra está em torno de 40%. O clima seco tem auxiliado os trabalhos, porém o déficit hídrico é visto como preocupação para a safra 2015, já que os níveis de umidade e de reserva do lençol freático estão muito baixo para a época do ano, o que pode comprometer a florada da próxima safra.

De acordo com o gestor do Departamento de Relacionamento com o Cooperado e engenheiro agrônomo da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso Ltda (Cooparaiso), Paulo Sérgio Elias, a colheita na região de atuação da entidade está em torno de 40%, com a produção de 1 milhão de sacas de 60 quilos de café. O volume do produto beneficiado está em torno de 15% a 20% da produção já colhida.

Com o avanço da colheita, as perdas provocadas pela estiagem estão se confirmando. Somente na região da Cooparaiso, a quebra está entre 17% e 20%. "O tempo sem chuvas ajuda bastante na qualidade do café, que não apresenta problemas com a fermentação, porém, o que estamos percebendo é que o tamanho da peneira está consideravelmente menor. Até o momento, a quebra na região está entre 17% a 20%. Para se ter uma ideia do prejuízo, nas amostras de 2013, a cada 100 quilos de café em coco era gerados 48 quilos produto beneficiado, este ano o mesmo volume é convertido em 41 quilos, queda de 16,67%", avalia.

O clima está provocando outros problemas que vêm deixando os cafeicultores ainda mais apreensivos. Com a previsão de chuvas regulares somente para outubro, o desenvolvimento dos cafezais pode ser comprometido. Além disso, com as altas temperaturas, os grãos cerejas estão desidratando mais rápido.

Impactos - "Na atual situação, já sabemos que a safra 2015 sofrerá impactos significativos. Uma das preocupações são as previsões de chuvas somente em outubro. Caso se concretize temos grande receio do comprometimento das floradas, que acontecem em setembro. O volume de água no lençol freático também está abaixo do normal para o período, se a falta de chuvas permanecer, o risco é de morte das plantas devido ao déficit hídrico", observa Elias.

Situação crítica também é vivenciada pelos produtores da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul). De acordo com o presidente da entidade, Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro, com o avanço da colheita, que está em torno de 40% da produção estimada em 1,2 milhão de sacas, as perdas registradas já chegam a 30%.

"A situação do cafeicultor é complicada. As perdas significativas estão sendo confirmadas e o café colhido está com peneira muito baixa, o que retira a competitividade do grão. Além disso, ainda teremos problemas na próxima safra, o que afetará ainda mais a situação financeira dos cafeicultores", explica Ribeiro.

De acordo com o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis, a colheita na região já chegou a 40% do volume a ser colhido. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão para o Cerrado é de uma safra de 5,81 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa aumento de 11,52%.

"A qualidade do café, até o momento, é excelente. Em relação às perdas, ainda é difícil de avaliar, mas perto das demais regiões do Estado, o índice será pequeno. O que estamos percebendo é o aumento da catação dos grãos, isto foi provocado pela diferença de maturação e deformidade", ressalta Assis.



Veículo: Diário do Comércio - MG