A BRF vai iniciar uma "due diligence" a partir da segunda semana de janeiro nas operações da Americana Group, empresa de alimentos com sede no Kuwait, apurou o Valor. A companhia brasileira negocia a compra de ativos da Americana por US$ 1 bilhão.

A BRF não comentou a informação. Na segunda-feira, a empresa havia divulgado um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirmando ter celebrado "recentemente um acordo não vinculante com a Americana". Na semana passada, a informação no mercado era que as negociações entre a BRF e a Americana estavam avançadas.

Conforme o comunicado da segunda-feira, "as companhias concordaram em cooperar na condução de uma análise estratégica em conjunto, com o intuito de estabelecer uma colaboração estratégica na região do Oriente Médio". Também segundo o documento, "as discussões com Americana ainda estão em fase preliminar e podem ou não levar a uma transação envolvendo a companhia e a Americana. Nesta data, o escopo da potencial colaboração também permanece indefinido".

O comunicado cauteloso e pouco claro sobre a natureza do acordo entre as duas companhias teve uma razão, segundo fonte a par do assunto. A Americana, uma das maiores empresas de alimentos do Oriente Médio, é listada na bolsa do Kuwait e a informação sobre uma negociação para venda de ativos a obrigaria a divulgar mais detalhes da operação, o que o controlador da companhia não deseja neste momento.

Desde que chegou ao conselho de administração da BRF, em abril deste ano, Abilio Diniz tem reiterado o plano de internacionalizar a empresa. A aquisição da Americana seria uma maneira de reforçar a presença da companhia brasileira no Oriente Médio, para onde a BRF exporta grandes volumes de carne de frango. A transação entre as duas empresas envolve os ativos de proteínas animais e outros alimentos da Americana. A área de franquia de restaurantes não entraria na operação.

A Americana tem 17 unidades de produção e faturou US$ 2,9 bilhões em 2012, considerando todos os segmentos em que atua. Além de proteínas animais, a empresa está também no segmento de vegetais e batatas congeladas, óleo de oliva, entre outros.

A administração anterior da BRF também já apostava no Oriente Médio para internacionalizar a companhia. Além de também ter tentado adquirir ativos da Americana no passado, a empresa investiu em uma unidade de processamento em Abu Dhabi, cuja construção está sendo finalizada.



Veículo: Valor Econômico