A desvalorização do real tem animado o setor de pecuária, que pode aumentar sua rentabilidade com as exportações, principalmente de bovinos. O estímulo cambial se soma ao aumento da demanda dos mercados emergentes e aos investimentos em logística e infraestrutura.

Em entrevista ao DCI, o ex-presidente do Banco Central (BC) e atual conselheiro da J&F, holding que controla a JBS, Henrique Meirelles, afirmou que não há taxa de câmbio ideal para tornar as exportações de carnes competitivas no mercado externo. E ressaltou que, apesar do quadro de desaceleração do crescimento global, a pecuária tem mais oportunidades do que riscos neste ano.

Já a Marfrig vê a elevação da cotação do dólar como um instrumento para aumentar os preços no mercado doméstico, afirmou ao DCI James Cruden, CEO da divisão de bovinos da empresa. "A possibilidade de exportar com um câmbio mais favorável tem a opção de tirar carne do mercado interno para vender fora, e o preço no mercado interno sobe. Mas o foco da Marfrig sempre foi o mercado interno, então usamos isso para aumentar o preço no mercado interno", explicou.

Mas nem todos estão otimistas. Celso Jaloto, criador de gado Braforg em São Gabriel (RS), tem desembolsado entre 7% e 12% a mais para manter seu rebanho com relação aos custos do ano passado. Para o engenheiro da Connam, empresa de nutrição animal, José Luiz Bianchi, a elevação do preço dos insumos não deve aumentar a margem dos produtores. Segundo ele, a renda desse segmento neste ano deve se manter igual ou um pouco abaixo do registrado no ano passado.



Veículo: DCI