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04/06/2013 11:33 - Produtores de camarão querem legalizar atividade

A formalização deverá aquecer o comércio local e eliminar os atravessadores na venda de camarão

Jaguaruana. Pequenos criadores de camarão deste município estão se organizando para regularizar a atividade. Em parceria com o Sebrae, estão criando uma associação para fomentar a cadeia produtiva. Atualmente, 70% dos pequenos carcinicultores, que possuem até dois viveiros, realizam a atividade de forma clandestina. A produção irregular encarece a atividade, baixa o preço de venda, ditado pelos atravessadores, e não contribui para arrecadação tributária do município.

Mais de 80 criadores, entre pequenos e grandes, atuam no município. Destes, apenas 30% possuem empresa formalizada e realizam a atividade com autorização dos órgãos fiscalizadores. Os demais vendem boa parte da produção para atravessadores, ou criadores no município de Aracati, no Litoral Leste.

De acordo com o secretário de agricultura de Jaguaruana, José Amauri Moreira, a legalização da atividade vai impulsionar a economia e a geração de empregos. "Hoje, muitas pessoas estão saindo do ramo da produção de rede e migrando para a criação de camarão. A atividade tem se mostrado em potencial crescimento aqui em Jaguaruana. Só que da forma como tem sido feita, a atividade gera preocupações para os próprios criadores, que não possuem autorização para exercer a atividade", explica.

O secretário frisa, ainda, que o município perde em receita. "O que é produzido aqui, de forma clandestina, não gera receita para a cidade e, com isso, fica difícil realizar projetos para desenvolver a criação do camarão. Formalizar também contribui para a economia local", ressaltou Moreira.

Consumidor

Há três anos, Manoel Gildo de Almeida cria camarão na comunidade de Sítio Pasta Branca, zona rural deste município. Em seus três viveiros, que ocupam uma área total de 3 hectares, pesca em média 3,5 toneladas por hectare. Para Manoel, a renda seria melhor se pudesse negociar o crustáceo diretamente com o consumidor final, sem a interferência dos atravessadores no comércio.

"O cooperativismo só traria benefício, porque teríamos um volume maior de venda e de compra de ração e o preço vai passar a ser dado pela associação. E com a autorização para o criatório não precisaria temer diante da fiscalização", afirmou Manoel Gildo.

O produtor conta que, além dele, mais dez criadores que residem em sua comunidade estão regularizando a atividade por meio da associação. No momento, a Secretaria de Agricultura do Município está realizando um levantamento dos pequenos sítios e fazendas de camarão para apontar aqueles que precisam se legalizar.

Mercado nacional


Francisco Rodrigues, mais conhecido como ´Chico da Áurea´, foi o pioneiro da carcinicultura em Jaguaruana, tendo iniciado a atividade há 19 anos. O criador tem uma produção por ciclo (de 110 dias, cada) de 404 toneladas, em 35 viveiros. Ele é considerado o maior criador do camarão de água doce do Estado. Além de abastecer o mercado cearense, vende para Rio de Janeiro, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.

De acordo com o produtor, a organização dos criadores municipais dará destaque à produção regional. "Hoje, a procura pelo camarão em nível nacional é muito grande e os criadores não estão conseguindo atendê-la. Nós temos um mercado interno que é o principal consumidor do nosso camarão e é muito bem vinda a ideia de organizar a cultura aqui em Jaguaruana, por conta dessa necessidade. A cidade tem potencial para ser referência na região", afirma Francisco Rodrigues. Toda a cadeira produtiva do camarão gera, somente no Ceará, 18 mil empregos diretos e indiretos e movimenta, anualmente, R$ 1 bilhão.

Com 35 mil toneladas de camarão, a produção cearense fechou em 2012 com 20% de crescimento em relação a 2011. Os números estimulam tanto os criadores que já atuam no ramo quanto aqueles que querem investir no camarão.

Há duras críticas das associações de criadores de camarão no Ceará diante da importação do camarão argentino. Eles alegam o perigo em se contrair uma doença que praticamente inexiste no país: a mancha branca. Os criadores cearenses alegam que a doença não existe no Estado e a importação pode deixar vulnerável a produção local, acarretando prejuízos financeiros.

"O Brasil é o quinto maior criador de camarão do mundo, com destaque para o Ceará. Por meio da organização da Câmara Setorial do Camarão, poderemos buscar mais investimentos no setor", ressalta o produtor de camarão Francisco Rodrigues.



Veículo: Diário do Nordeste

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