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31/01/2013 12:25 - Preços de frango e suíno batem recorde em janeiro

Ainda afetados pela severa estiagem que atingiu as lavouras de grãos dos Estados Unidos, os preços médios das carnes de frango e suína atingiram níveis recordes para um mês de janeiro.



Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o preço médio do frango inteiro congelado em São Paulo nos primeiros 28 dias do mês foi de R$ 3,94 o quilo, salto de 35,8% sobre janeiro do ano passado. Já a carcaça comum do suíno foi cotada, em média, a R$ 5,59 por quilo, alta de 32,7%.

Esses produtos ficaram mais caros mesmo na comparação com dezembro, mês de pico no consumo de carnes por conta das festas de fim de ano. No caso do frango inteiro congelado, o avanço foi de 1,5%, enquanto o preço médio da carcaça suína subiu 0,7%.

Ainda sem consenso sobre a direção dos preços de frango e suíno ao longo deste ano, analistas projetam um alívio moderado pelo menos nos primeiros três meses do ano. "O cenário de custos mais acomodados deve estimular a indústria de frango e suíno. De toda forma, o que podemos dizer categoricamente é que o primeiro trimestre está garantido", afirma César Castro Alves, analista da consultoria MB Agro. A avaliação é compartilhada por Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. "Passamos por um período de declínio relativo dos preços dos grãos, o que deve levar a uma queda gradual dos preços das carnes". A RC Consultores estima que o preço médio do frango abatido destinado ao mercado doméstico cairá 10,8% ao longo de 2013, para R$ 3,90 o quilo.

Mas a projeções de queda não encontram total ressonância. Mesmo com uma aposta baixista, Alves se diz bastante receoso com a safra 2013/14 de grãos nos EUA, que começa a ser plantada em abril. "Não existe espaço para qualquer quebra. Além disso, o clima está muito esquisito e os meteorologistas não são enfáticos sobre o que vai acontecer", pondera o analista, que ainda trabalha com a hipótese de acomodação dos preços de milho e soja em seu cenário base.

Na opinião do economista Fábio Romão, da consultoria LCA, uma eventual redução nos preços dos grãos não será suficiente para evitar uma nova alta das carnes de frango e suíno e seus derivados. "Acho difícil reeditar um movimento como o do ano passado, mas vai ter uma alta acima da inflação", prevê ele.

Em 2012, o frango inteiro subiu 16,9% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para este ano, a LCA projeta uma alta de 7,5% para frango inteiro, 9,9% para o frango em pedaços e de 5,5% para a carne suína. A previsão está ancorada na valorização esperada para a carne bovina, concorrente direta dos produtos à base de frango e, em menor medida, de suínos. "Não são substitutos perfeitos, mas há uma relação importante com a carne bovina", afirma Romão, para quem o preço da carne bovina deve subir, em média, 6%.

Guilherme Melo, analista do Rabobank, faz análise semelhante. Segundo ele, as cotações elevadas de frango e suíno neste início de ano abrem espaço para aumentos de preço na carne bovina, especialmente se a forte demanda externa pela carne brasileira se confirmar ao longo do ano. "A oferta mundial está curta, com queda de produção nos EUA e na União Europeia", diz Melo. Nas primeiras três semanas deste mês, a média diária das exportações brasileiras de carne bovina foi 45,7% superior à verificada no mesmo intervalo de 2012.

Na contramão dessa avaliação, Castro Alves, da MB Agro, relativiza uma possível alta da carne bovina. Ele diz que o aumento das exportações não será capaz de anular a maior disponibilidade de gado no país, "a não ser que o Japão aumente muito as compras de carne bovina dos EUA e obrigue a Rússia a importar mais do Brasil". Caso contrário, diz, qualquer aumento de preços de frango e suíno seria limitado pela carne bovina.

Em meio a tantas incertezas, os analistas seguem atentos à influência que o setor terá para a inflação em 2013. Pela metodologia do IBGE, as carnes in natura (bovinas, de frango e suínas) têm um peso de 2,51% no IPCA.



Veículo: Valor Econômico

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