A crise que começa a afetar mais seriamente as indústrias de carnes no Brasil, levaram ontem o Frigorífico Mercosul a anunciar o fechamento de sua unidade de Paiçandu, no Paraná. A empresa anunciou a demissão dos 450 funcionários. Os colaboradores ficaram sabendo que estavam desempregados ao voltarem do período de 30 dias de férias coletivas. A unidade de Paiçandu era um dos 11 frigoríficos que o Mercosul mantém em operação no Brasil e abatia por dia, em média, 300 animais. Em torno de 80% da produção dessa unidade era destinada ao mercado externo.

Segundo o gestor mercadológico do frigorífico, Vinícius Pilz, outra unidade da empresa no Paraná, localizada em Nova Londrina, deverá suprir a demanda e não há previsão de novas demissões. A decisão foi surpreendente porque, até o mês passado, o frigorífico anunciava novas contratações.

Até então relativamente cético diante da crise internacional, o setor exportador de carnes no Brasil assustou-se em novembro com a queda das exportações de carne bovina de 34% em volume e 13% em receita. Na avaliação de Paulo Molinari, da Safras & Mercado, essa condição não é um problema que atinge somente a cadeia da carne bovina, mas também da suína e da de frango. "Em função da queda de exportações, as empresas estão reduzindo produção. É verdade que as pessoas não vão parar de comer, mas existe questões a se avaliar no longo e no curto prazos. E neste momento, as vendas e os preços em dólares estão caindo", diz Molinari.

A proposta de dispensa na unidade de Paiçandu do Mercosul foi negociada com Ministério Público na semana passada e os funcionários irão receber o 13.º salário e o acerto dos direitos trabalhistas. O grupo Mercosul está entre os seis maiores frigoríficos do País. O grupo atuava na região há três anos e, segundo os funcionários, os salários estão em dia.

Veículo: Gazeta Mercantil