O mercado nacional de aves poderá enfrentar um sério problema com carne excedente que deveria ser destinada à exportação por meio do porto de Itajaí, em Santa Catarina. O alerta é da superintendente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Marília Martha Ferreira. Segundo ela, no ano passado o país exportou 3,286 milhões de toneladas de carne de aves. Cerca de um terço desse volume foi embarcado através do porto em Santa Catarina.

Com a catástrofe que atingiu o estado, provocada pelo excesso de chuvas, a tendência é de mais oferta de carne de aves no mercado interno, ponderou a superintendente. Santa Catarina é o segundo estado no ranking de produção de frango, ficando atrás apenas do Paraná. A avicultura em Minas Gerais também sentirá reflexos da paralisação das exportações em Itajaí. "A maior parte da produção vem do Oeste do Estado, mas esse fator de exportação poderá trazer muitos prejuízos ao país, que está na berlinda caso o produto fique no mercado interno", afirmou.

Santa Catarina exporta cerca de 20% das aves exportadas pelo país, enquanto que Minas Gerais responde por aproximadamente 4% do volume total. "Caso a intempérie climática tivesse atingido áreas produtoras, Minas não conseguiria ocupar o espaço em função de infra-estrutura e volume de produção para atender ao mercado externo", explicou.

Por sua vez, Minas Gerais tem a produção mais focada no mercado interno em função da logística, salientou. "A curto prazo será muito difícil prever algo para o setor. O cenário poderá ser diferente caso o governo federal libere verbas para outros estados compensarem alguma perda na produção de Santa Catarina", ponderou.

Crise mundial - Aliado a esses fatores climáticos, ainda há a crise internacional que poderá gerar um cenário não muito favorável para a avicultura. Para o próximo ano, a previsão de embarques internacionais da carne de aves, antes da crise, era de algo entre 320 mil e 350 mil toneladas por mês, enquanto em 2008 as exportações atingiram 300 mil toneladas. "Daqui em diante, tudo dependerá das reações da crise", salientou.

A produção mineira está em torno de 800 mil toneladas ano e a estimativa para 2009 é de incremento entre 5% e 6% no volume. Segundo a dirigente, a avicultura é bem programada para longo prazo, mas depende de fatores climáticos que interferem na alimentação das aves, além de poder ser afetada pelo cenário internacional, explicou.

Os preços, por sua vez, continuam abaixo dos custos de produção, com o quilo da ave viva posta em granja em torno de R$ 1,75. Enquanto isso, os custos para o setor estão entre R$ 1,80 e R$ 1,85. "Uma coisa é certa: não haverá falta de carne no Natal, que contará com muita oferta no varejo", afirmou.

Veículo: Diário do Comércio - MG