Câmbio afeta as vendas externas.

O mercado brasileiro de carne de frango teve mais uma semana em que a expectativa de recuperação dos preços não aconteceu. "Tivemos o período de virada de mês, com recebimento de salários pela população e, mesmo com um bom volume de exportação e de oferta interna ajustada os preços não evoluíram", comenta o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias.

Conforme ele, o mercado avícola no momento teria condições naturais de reagir. Houve um decréscimo considerável nos alojamentos de pintos de corte nos últimos meses, as vendas externas continuam avançando, mas a realidade é de que os preços pagos aos produtores não conseguem avançar. Iglesias avalia que tal situação se justifica pela maior disponibilidade interna das carnes concorrentes, como a suína e bovina.

"Para complicar, o cenário de curto prazo não tende a ser dos mais favoráveis ao frango. Passada essa semana de demanda mais firme, o preço do boi tende a desabar, tendo em vista que maio é o mês do ano em que o setor apresenta a maior disponibilidade de oferta de boi", analisa. "Diante deste quadro, não será estranho se o preço do frango vier a recuar novamente dentro de alguns dias, pois a pressão de oferta de carnes em geral será elevada", acrescenta.

No segmento externo, por sua vez, é a receita com as vendas de frango que não consegue avançar em função do câmbio. "Ainda que o câmbio esteja melhorando para o exportador no momento, passado esse momento de instabilidade financeira mundial, ele tende a voltar ao patamar de R$ 1,90 por dólar", projeta.

Essa situação vem preocupando mês a mês o setor exportador, que, ao final do quarto mês do ano, verifica um avanço dos volumes embarcados, muito embora a receita continue patinando. Para Iglesias, haveria a possibilidade de melhora nos preços com a agregação de valor ao produto, muito embora a prática mostre que um melhor resultado poderia vir a partir de medidas de apoio ao setor, o que vem sendo buscado pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef), associação que congrega tanto produtores quanto empresas que atuam no mercado nacional e internacional.


Movimento - Dados divulgados nesta semana pela Ubabef mostraram que exportações de carne de frango registraram queda de 0,5% em receita entre janeiro e abril de 2012, na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 2,543 bilhões. Nos volumes embarcados, contudo, que somaram 1,3 milhão de toneladas, houve incremento de 3,7% frente ao primeiro quadrimestre do ano passado.

A entidade informa que, considerando apenas o mês de abril, houve redução de 4,7% na receita das exportações na comparação com o quarto mês de 2011, com total de US$ 656,8 milhões. Já em volumes, os embarques registraram crescimento de 1,8%, chegando a 331 mil toneladas.

"A queda nos volumes de embarques para o Kuwait, Catar, Turquia e outros países do Oriente Médio e Europa foram compensados pelo crescimento nos países africanos, o que impediu um registro negativo em volumes. Contudo, não foi suficiente para evitar a queda em receita, o que mostra a perda de rentabilidade enfrentada pelos exportadores", explica o presidente executivo da Ubabef, Francisco Turra.

A análise de Safras & Mercado indica que os preços do frango vivo tiveram poucas variações nesta semana em relação a anterior. Em São Paulo o quilo vivo seguiu em R$ 1,70. Em Minas Gerais o quilo vivo continuou em R$ 1,80.


Veículo: Diário do Comércio - MG