Empresa assume a Frangosul e gera expectativa de nova onda de compras

Com controle francês, empresa passava por problemas financeiros desde 2009; JBS vai assumir parte da dívida

O mercado brasileiro de carne de frango ganhou mais um concorrente de peso. A JBS, maior empresa de proteína animal do mundo, vai assumir as operações da Frangosul, do grupo francês Doux.

A JBS estreia no segmento de aves no Brasil com a operação de três abatedouros -dois no Rio Grande do Sul e um em Mato Grosso do Sul.

Juntas, as unidades podem abater 1,15 milhão de aves por dia, o que elevará em 15% a capacidade mundial de produção de frango da JBS, que atua nesse segmento no México e nos EUA, onde é líder.

"Consideramos estratégico estar também no mercado de aves brasileiro", diz Wesley Batista, presidente da JBS.

No mercado interno, a transação não ameaça a posição da BRF-Brasil Foods, que, com as marcas Sadia e Perdigão, abate 7 milhões de aves por dia. Mas gera a expectativa de nova onda de fusões e aquisições no setor.

"Existe uma lista considerável de médias e pequenas empresas que têm participação relevante nesse setor", diz José Vicente Ferraz, diretor da Informa Economics FNP, consultoria especializada em agronegócio.

Esse grupo, que pode se tornar alvo de aquisições da JBS, responde por 25% a 30% da capacidade de abate de aves no país, segundo Ferraz. Estima-se que BRF e Marfrig, dona da Seara, respondam por 45% do abate nacional.

Batista reconhece que a empresa precisará ganhar escala nesse novo mercado, mas diz que é cedo para falar em novas aquisições.

"Nos próximos meses, estaremos focados em tornar a Frangosul competitiva novamente. Queremos ter uma operação eficiente e lucrativa, independentemente de disputa pela liderança."

DÍVIDAS

Afetada pela crise de 2009, a Frangosul não conseguiu se reerguer. Depois de atrasar pagamentos e suspender operações, começou a ser levada a possíveis compradores.

A JBS alugará as unidades da Frangosul, por um valor não divulgado, e assumirá dívidas com funcionários, produtores integrados e pequenos fornecedores. Esse passivo, segundo Batista, soma cerca de R$ 80 milhões.

A empresa diz que vai manter os 6.000 empregados diretos da Frangosul e os 1.500 produtores que trabalham em sistema de integração.

Conhecida pelo apetite por aquisições -especialmente de empresas em dificuldade-, a JBS voltou às compras após um ano de "jejum".

Batista confirmou informação antecipada ontem pela Folha sobre a aquisição do frigorífico de bovinos Frigonorte. "Avaliamos oportunidades no Brasil, onde queremos crescer mais."



Veículo: Folha de S. Paulo