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20/01/2011 11:38 - Frigoríficos do Brasil já têm 36% dos abates do Uruguai

A entrada do Minerva no Uruguai com a aquisição do frigorífico Pul, anunciada na terça-feira, amplia o peso das empresas brasileiras do setor de carnes naquele país e também no Cone Sul.

 

De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Carnes (Inac), ligado ao governo uruguaio, as empresas brasileiras que atuam no país têm hoje 29,4% do abate total de gado bovino, que somou 2,203 milhões de cabeças no ano passado. Como o Pul respondia por 6,6% do abate total, após a venda para o Minerva, as companhias brasileiras terão 36% de participação no abate do país, segundo o Inac.

 

O Minerva só chegou agora ao Uruguai, mas Marfrig e JBS (por meio da Bertin) já estão há algum tempo no país, onde fizeram várias aquisições nos últimos anos. Só a Marfrig comprou quatro empresas no Uruguai: Cledinor, Tacuarembó, Colônia e Inaler. A Bertin adquiriu no país o Canelones em 2006, antes de ser incorporada pela JBS.

 

No Uruguai, a Marfrig tem capacidade de abate de 3.900 bovinos por dia e a JBS, de 1.100 cabeças, segundo informações das assessorias de comunicação das empresas. O Pul, adquirido pelo Minerva, tem hoje capacidade de 1.100 cabeças diárias, mas com a expansão prevista alcançará 1.400 cabeças, segundo o diretor-presidente do Minerva Fernando Galletti de Queiroz.

 

Outro país do Cone Sul onde as empresas brasileiras de carne também têm participação relevante é a Argentina. A JBS entrou no país com a aquisição da Swift Armour, em 2005, mas depois fez várias outras aquisições. Hoje, tem capacidade de abate de 5.700 bovinos por dia no país. Já a Marfrig tem capacidade de abate de 3.900 animais por dia.

 

Três das seis unidades da JBS na Argentina estão temporariamente fechadas e a empresa continua interessada em desfazer-se delas. Segundo fontes que acompanham o assunto, a venda da planta de San José, na Província de Entre Ríos, pode ser fechada em breve. As negociações com o Consorcio Ganadero del Montiel, uma cooperativa de produtores, com participação minoritária do governo provincial, estão avançadas, dizem as mesmas fontes.

 

Como a capacidade total de abate e bovinos na Argentina é de cerca de 17,5 milhões de cabeças por ano, a JBS tem hoje uma fatia de 10% desse total e a Marfrig, de 6%, segundo fontes do setor de carnes naquele país.

 

Os frigoríficos brasileiros também estão no Paraguai. Lá a JBS tem capacidade de abate de 1.000 bovinos por dia e o Minerva, de 700 cabeças diárias.

 

O valor da operação entre o Minerva e o frigorífico Pul é de cerca de US$ 65 milhões, incluídos os investimentos em modernização e expansão, informa o Minerva. Parte do pagamento da aquisição (cerca de US$ 14 milhões) será feita com a emissão e transferência de 2,704 milhões de novas ações ao preço unitário de R$ 8,75.

 

Fernando Galletti Queiroz disse que o Minerva decidiu investir no Uruguai agora porque o "mercado está mais maduro" e a pecuária vive um ciclo favorável naquele país. Além disso, a aquisição foi feita por um "valor justo", já que acabou a euforia que provocava uma distorção dos preços de ativos no mercado, segundo o empresário.

 

Com uma unidade localizada na província de Cerro Largo, o frigorífico Pul tem faturamento projetado para 2011 entre US$ 125 milhões e US$ 145 milhões, segundo o Minerva. Cerca de 85% das vendas são para o mercado externo, incluindo Estados Unidos e países da União Europeia. O frigorífico produz também carne bovina orgânica, produto exportado para os mercados europeu e americano.

 

Segundo Queiroz, a previsão é que o faturamento do Minerva cresça 20% este ano em relação aos R$ 3,350 bilhões de 2010. Os números ainda não consideram a receita que virá após a aquisição do frigorífico no Uruguai.

 

A empresa segue olhando outras oportunidades, de acordo com Queiroz, inclusive mirando nova diversificação geográfica.

 

Exportação pode 'rever' recorde

 

As exportações brasileiras de carne bovina têm espaço para crescer em 2011 e chegar novamente ao patamar recorde alcançado em 2008, quando renderam US$ 5,3 bilhões. A previsão é de Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec, associação que representa as indústrias exportadoras do segmento no país.

 

Se a projeção se confirmar, a alta em relação a 2010 (US$ 4,8 bilhões) será de 10,4% e reforçará a tendência de recuperação após a queda observada em 2009 (US$ 4,1 bilhões), em boa medida derivada dos reflexos negativos da crise financeira internacional.

 

O avanço do ano passado foi determinado justamente pela recuperação dos preços após as quedas de 2009, já que o volume embarcado recuou na mesma comparação. No total, as vendas ao exterior atingiram 1,8 milhão de toneladas, uma queda de 3%.

 

Em comunicado, a Abiec também lembra que 2010 foi um ano de estiagens e que isso prejudicou a engorda de animais e, portanto, a oferta, mas que em 2011 a situação tende a melhorar.

 

Entre os clientes do Brasil, a Abiec destacou Rússia, Irã e Egito na carne in natura e o Reino Unido na industrializada, cujas vendas foram afetadas por um embargo dos EUA no segundo semestre.

 

Veículo: Valor Econômico

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