Pesquisa do DIÁRIO apurou maior aumento do ano no valor do produto. Estiagem do pasto, demanda interna e aumento da exportação são fatores para o reajuste.

Os amantes das carnes terão que preparar o bolso antes de ir ao supermercado. Levantamento feito pelo DIÁRIO com 32 produtos básicos, em 25 supermercados das cinco regiões de São Paulo, aponta alta de 34% no preço médio do quilo do filé-mignon no mês passado em comparação com outubro. O valor do quilo da costela bovina também subiu: 12%. A alta das carnes também foi constatada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado na semana passada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O filé-mignon manteve a trajetória registrada nos meses anteriores. O preço médio da carne saltou de R$ 38,79, em outubro, para R$ 52,16 no mês passado. Já em setembro, o quilo da peça custava quase a metade, R$ 28,26. "Ainda há falta de carne de um modo geral no mercado por conta da pouca oferta e muita procura. Grandes criadores abateram muitas matrizes (vacas) em decorrência da demanda interna e externa, portanto não há gado suficiente", disse André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que atua no setor de varejo. O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo.

Para o especialista, outro fator responsável pela alta nos preços é a severa estiagem dos últimos meses. "Com a seca do pasto, o gado é  alimentado com ração, gerando alto custo aos criadores", explica Braz. No entanto, ele ressalta que a fase de alta do preço é sazonal. "Com o aumento da chuva nos primeiros três  meses do ano que vem, o pasto voltará a crescer e o gado engordar. Então acredito que no final do primeiro trimestre o consumidor vai perceber uma   queda considerável no preço."

É o que espera Arnaldo Mello, sócio-proprietário do Degas Pompéia, restaurante especializado em file à parmegiana. "Cerca de 90% dos nossos pratos são compostos por filé-mignon. Devido ao reajuste, estamos gastando 50% a mais na compra de carne", disse Mello, que ainda não repassou o valor aos clientes. 

Para Orlando Morando, vice-presidente e diretor de comunicação da Associação Paulista de Supermercados (APAS), o preço da carne se manteve elevado devido a alta da procura. "Nessa época do ano, cresce o consumo de carne em função das festas de confraternização", diz. "Além da demanda interna, a exportação do país é bem grande" , completa Morando.

E não foram só as carnes que tiveram alta nos preços. O quilo do açúcar refinado, por exemplo, aumentou 14%. O preço médio em outubro era R$ 2,08 e subiu para R$ 2,38 em novembro. O biscoito de maisena também teve reajuste. A média do preço da bolacha foi de R$ 1,90 para R$ 2,06. Houve alta  ainda no preço da salsicha. O pacote com 10 unidades   aumentou 4,53% , assim como o quilo da linguiça toscana, ficando em  4,95%.

A pesquisa do DIÁRIO foi realizada entre os dias 23 e 26/11. São pesquisados produtos de marcas líderes nos mesmos supermercados da capital, cinco em cada região -Norte , Sul, Leste, Oeste e Centro.

Veículo: Diário de S.Paulo