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18/11/2010 11:10 - Produtores preveem crescer 30% ao ano com boi orgânico

A pecuária orgânica prevê crescer 30% ao ano impulsionada pelo aumento do consumo e pelo início das vendas da carne in natura para restaurantes e açougues especializados. Dentro desse sistema, o boi é criado sem a utilização de químicos na alimentação - baseada apenas na pastagem - até o processo de abate. Por essa razão, em média, a carne orgânica é mais cara que a tradicional devido aos diversos certificados de qualidade e criação exigidos de seus produtores. "Não usamos nenhum produto químico, nem no boi, nem no adubo e nem no pasto", diz o produtor José Geraldo de Freitas.

 

O preço da carne orgânica de primeira é de 50% a 100% mais caro que a tradicional. Já os cortes menos nobres podem chegar a 20% do valor. "Não conseguimos vender o boi inteiro como orgânico. Algumas partes, como a carne de segunda, que é pouco consumida por classes mais altas, têm um consumidor diferente, que não se preocupa se a carne é orgânica ou não. Então, diversas vezes, ela acaba sendo vendida como carne normal", afirmou Vicente Zuffo, diretor de carnes da JBS.

 

O Brasil possui atualmente 50 mil cabeças de gado orgânico e mais 25 mil esperam para serem certificados. O volume de abate gira em torno de 30 cabeças por dia, chegando a 12 mil por ano.

 

Segundo Henrique Balbino, presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica do Mato Grosso (ABPO), esse número já foi maior, entretanto as restrições à importação da carne brasileira reduziram pela metade a capacidade de produção. "Hoje abatemos 12 mil animais por ano, esse numero já foi maior, chegando a 24 mil. Depois do fechamento de alguns mercados internacionais por conta da febre aftosa, nosso volume de exportações é pequeno. Restaram alguns países árabes", contou ele.

 

A JBS possui um acordo de exclusividade com a associação no qual o frigorífico não pode comprar a carne orgânica de nenhum outro produtor. Em contrapartida, a ABPO não pode vender o seu boi a mais ninguém. "A empresa já atua nesse setor há mais de quatro anos e, no começo, tanto a ABPO quanto a JBS fizeram muitos investimentos nesse projeto. Só agora estamos vendo uma mudança de hábito consistente no mundo da carne", disse Zuffo.

 

Em média, a JBS paga por arroba do boi orgânico um prêmio de 10% em cima do valor do animal no dia, sendo que alguns cortes não serão aproveitados. "Eles pagam para os produtores um prêmio de 10% pelo boi inteiro. No entanto, alguns cortes não são vendidos e passam ser tratadas como carne comum. Assim, os custos são repassados aos cortes que vendem mais. Eu considero uma troca justa", disse Balbino.

 

Tanto a associação quanto o frigorífico atestam que o boi orgânico é bem diferente do conhecido boi verde que, apesar de grande parte da sua alimentação ser baseada em pastos, não passa por qualquer controle sobre o uso de produtos químicos desde a pastagem até os medicamentos.

 

O produtor afiliado da ABPO, José Geraldo de Freitas, comentou que o boi verde fica confinado durante 100 dias no ano, com uma alimentação nem tão verde assim. Já o boi orgânico em nenhum momento deixa de pastar, alias, até a pastagem precisa ficar longe de produtos químicos.

 

"Nós temos um protocolo de ação que é um pouco mais rigoroso que a lei e o associado é obrigado a seguir. O pasto é nativo do Pantanal e o alimento do animal é somente isso. Medicamentos só como muito controle e, na maioria das vezes, o homeopático".

 

Em relação ao tempo para o abate, o boi orgânico pode levar quase quatro anos para o abate, ante os três anos do boi tradicional. O peso do animal com tratamento natural chega a ser 15% menor. Segundo a JBS, "o volume de abates desses animais não representa nem 0,1% do total de abates do País, mas se chegar a 1% já será uma vitória".

 

A novidade fica por conta das vendas in natura, que começaram apenas no começo deste ano, com a abertura de um açougue em Jundiaí (SP), especializado na venda de carne orgânica. "Além deste, estamos conversando com empresários interessados em abrir restaurantes orgânicos, baseando toda a carne comprada com a JBS. Antigamente só vendíamos carne a vácuo", finalizou o diretor da JBS.

 


Veículo: DCI

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