Carnes / Peixes
07/10/2010 13:19 - Avança discussão sobre cotas de importação de carne
As conversas entre Brasil e Rússia sobre o acesso da carne brasileira àquele mercado evoluíram, segundo negociadores brasileiros, em meio ao desejo de Moscou de entrar até o fim do ano na Organização Mundial do Comércio (OMC), após 18 anos de discussões.
A Rússia apresentou ao Brasil um 'desenho' das concessões que poderá fazer. Uma opção é acabar com as cotas (limites quantitativos) para determinados tipos de carnes. Negociadores brasileiros dizem, porém, que os russos não apresentaram cifras e não é possível determinar ainda se o país pode exportar mais ou não.
Na semana que vem, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estará em Moscou à frente de uma delegação brasileira, para insistir nas concessões para a carne brasileira. A expectativa, porém, é que um acordo final não sairá ainda desta vez. Os russos querem esperar antes para ver qual será a reação dos europeus em relação ao novo modelo.
Na semana passada, a Rússia anunciou que tinha resolvido pendências com os EUA em áreas que iam de propriedade intelectual a frango congelado, mas nenhum detalhe foi revelado.
No primeiro acordo assinado entre o Brasil e a Rússia, pelo qual o governo brasileiro apoiava a entrada dos russos na OMC, a promessa era que os exportadores nacionais aumentassem suas vendas. Nos cinco anos seguintes, o que se viu foi um movimento contrário. As vendas brasileiras caíram, enquanto os EUA e a UE abocanharam a maior fatia das cotas impostas pelos russos para a entrada de carnes suína, de frango e bovina.
Agora, as perspectivas são limitadas, porque a Rússia aumentou sua produção e quer proteger sua indústria, apesar de ser pouco competitiva, comparada ao Brasil.
Enquanto os governos dos dois países tentam negociar avanços na abertura do mercado russo, o setor privado de ambos os lados tenta se aproximar. A expectativa é que o fluxo de comércio entre Brasil e Rússia se aproxime de US$ 10 bilhões no fim da década. O intercâmbio comercial se aproximou de US$ 8 bilhões em 2008, mas caiu para US$ 4,3 bilhões no ano passado.
"Problemas de protecionismo como cotas e barreiras sanitárias fazem parte do jogo. Não podemos nos assustar com esse tipo de situação e precisamos estar preparados para isso", disse o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, que preside, pelo lado brasileiro, o Conselho Empresarial Brasil-Rússia. Ontem, em encontro em São Paulo, Pratini disse que problemas de barreiras se resolvem com a política do "toma lá da cá".
Veículo: Valor Econômico
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