A alta do preço da carne está assustando o consumidor, que passou a procurar cortes menos nobres. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em setembro o produto teve elevação de 5,33%, na comparação com o mês anterior. “Faz um mês que só como linguiça e salsicha, bem mais baratos”, afirma a estoquista Inês Luis.

O atendente Felipe Pereira também trocou o produto por conta do preço e saiu do açougue sem a carne que pretendia comprar. “O acém, que custava por volta de R$ 6 o quilo, está R$ 8,99. Por isso estou levando picadinho, que está mais barato.”

A aumento do valor da carne bovina está relacionada com o crescimento da procura – com oferta menor –, e vendas maiores para o exterior, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes do Estado, Manuel Ramos. “O preço da carne de 2000 a 2005 ficou estável. Isso fez com que o pecuarista descapitalizado abatesse um número grande de matrizes (gado reprodutor). Isso influenciou na falta do produto.”

A carne bovina representou uma das maiores altas entre os alimentos analisados pelo Dieese e foi um dos principais responsáveis pela alta da taxa do Índice do Custo de Vida (ICV), que chegou a 0,53% em setembro, com alta de 0,28 pontos porcentuais em relação a agosto, quando o índice aumentou 0,25%. No geral, o item alimentos em setembro subiu 1,03%.

“Também estamos no período de entressafra. Os pastos estão secos por causa do inverno, e os produtores repõem essa falta com suplementação alimentar para o gado, que tem um custo mais alto. Por último, temos o aquecimento das exportações, que diminui ainda mais a oferta interna do País; e a melhora da renda do brasileiro, que fez com que este comprasse mais carne”, diz Ramos.

Para o especialista, a tendência é que o preço da carne bovina caia em breve. “Em novembro, com as chuvas, o pasto vai crescer e ficar pronto para a alimentação. O gado tende a se recuperar e, a partir de janeiro, os preços podem cair.”

Veículo: Jornal da Tarde