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29/07/2010 09:43 - Estrangeiros buscam águas do País para pesca

China, Noruega e Canadá estão de olho nas águas do Brasil para expandir a produção de pescados. Enquanto, de um lado, o governo federal avalia a possibilidade da entrada de capital estrangeiro no setor, na outra ponta, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) incentiva a produção nacional de peixes nativos.

 

Segundo Marcelo Sampaio, diretor do Departamento de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura em Águas da União, do MPA, espécies redondas, como o pacu, tambaqui e o pirarucu, tem potencial para conquistar o mercado internacional. "A tilápia é produzida em mais de 100 países. Nossos peixes nativos são o diferencial de mercado", afirma.

 

Para aumentar a produção nacional de pescados, o MPA vai investir R$ 16 milhões na demarcação e construção de reservatórios em águas de domínio da União. Ao todo, devem ser ofertados, para criação de peixe em cativeiro, 25 novos parques aquícolas. "Os lagos, por exemplo, serão divididos em lotes", explica. Ainda segundo o diretor, o governo investiu nos últimos anos com parcerias em pesquisas R$ 80 milhões.

 

No rio Paranapanema, na divisa entre os estados de São Paulo e Paraná, serão construídos oito reservatórios, com capacidade para produzir cerca de 89 mil toneladas de pescados por ano, em pouco mais 1.852 quilômetros quadrados (185,2 mil hectares). Os reservatórios estarão prontos em 2011. Para Sampaio, a ideia é alavancar a produção de peixes como ocorre no complexo carne. Com o avanço na escala produtiva do Brasil, a tendência, segundo Sampaio, é que os preços no mercado interno recuem.

 

Segundo Elisangela Pereira, diretora Comercial e de Operações da Marcomar - uma das três maiores importadoras e distribuidoras de pescados do Brasil - o quilo da tilápia chinesa custa entre R$ 8 e R$ 9. O preço do mesmo produto e produzido no Brasil varia de R$ 20 a R$ 22. "O consumidor busca o melhor preço", diz.

 

Segundo Sampaio, as cessões de uso dos lotes podem incidir em custos: as áreas mais disputadas serão onerosas. "O interesse da União prevalece. A área vai para aquele que pagar mais", afirma.

 

Para os locais não onerosos, cedidos sem custo, o governo realizará um processo seletivo público, no qual o perfil socioeconômico do candidato determinará se ele está apto a produzir.

 

Além dos investimentos em pesquisa e demarcação de águas da União para a pesca, o MPA lançou, no fim do mês passado, o Plano Safra das Águas, que oferecerá crédito para o setor. Os créditos variam de R$ 2 mil a R$ 200 milhões com juros entre 0,5% e 12,35% ao ano. O prazo de pagamento pode ser de até 12 anos.

 

Dados do MPA mostram que o Brasil produz, hoje, 1,27 milhão de toneladas de pescados, avanço de mais de 200% se comparado ao volume em 2009, quando o País produziu 419 mil toneladas. "Em 2003, produzíamos 270 mil toneladas", diz Sampaio.

 

Segundo ele, se o Brasil produzir em 0,167% do potencial de área poderá alavancar a produção de pescados para 10 milhões de toneladas. Para o próximo ano, o ministério estima aumentar o consumo nacional para nove quilos per capita.

 

Para atender a demanda do mercado interno brasileiro, cujo consumo anual gira em torno de sete quilos por habitante, o País busca o produto em outras regiões: importamos merluza da Argentina e salmão do Chile. A diretora comercial da Marcomar, empresa de capital nacional que detém 20% do mercado brasileiro de salmão, acredita que o Brasil poderia possuir indústrias mais bem posicionadas no cenário mundial, mas falta incentivo. "O País precisa produzir pelo menos sete vezes mais para ganhar destaque lá fora", diz.

 

Segundo Pereira, os pescados do País poderiam ganhar os mercados europeu, norte-americano e até japonês, dependendo da competitividade. "O setor precisa sair da informalidade e as cargas tributárias precisam ser repensadas", afirma a executiva.

 

Enquanto isso não ocorre, a Marcomar também aposta no crescimento da produção de pescados no Brasil. Dos 9 milhões de toneladas de pescados comercializados por ano pela empresa, 8,5 milhões são importados. "Este ano estimamos comercializar 10 milhões de toneladas", prevê.

 

Ainda de acordo com a diretora Comercial, a Marcomar estuda adquirir uma planta de produção de tilápia, além de já produzir em cativeiro a espécie cação cinza. "O cação cinza já responde por 5% das vendas da companhia", afirma Pereira.

 

A próxima aposta da empresa está na produção do peixe marinho bijupirá. "Estamos começando a dominar a tecnologia de produção desta espécie, boa para o mercado de sushi", diz.

 

A empresa, que faturou no ano passado R$ 100 milhões, e espera avançar 20% este ano, investiu na criação de um centro de processamento, dentro das Centrais de Abastecimento Ceasa, em Campinas, no interior paulista.

 

A unidade do interior de São Paulo responde por 6% do faturamento da Marcomar. "Este ano projetamos dobrar a participação neste mercado", diz Pereira.

 

A importadora e distribuidora de pescados, possui cinco centros de distribuição, localizados em Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Além de centro de vendas no Paraná, Porto Alegre, Campinas e Espírito Santo.

 

Estatística da Marcomar mostra que o Estado de São Paulo é o maior consumidor de pescados. O salmão, que representa 60% das vendas da empresa, ocupa a liderança no ranking dos peixes mais consumidos. Em seguida vem o bacalhau, importado da Noruega pela Marcomar, e por último a merluza.

 


Veículo: DCI

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