A Vinícola Salton, de Bento Gonçalves (RS), acaba de contratar um gerente comercial exclusivo para desbravar Norte e Nordeste. As duas regiões aparecem hoje de forma muito tímida nos mapas de vendas da empresa. A direção da vinícola não revela quais as estratégias, mas aposta principalmente nos espumantes para cativar consumidores em um mercado onde hoje domina a cerveja. A base operacional será em Salvador.

"Somos fracos no Norte e Nordeste, mas estamos mudando", diz o diretor comercial da Salton, Daniel Salton, sabendo que encontrará pela frente um forte concorrente, a Vinícola Miolo, que já detém certo domínio nos mercados, principalmente com o espumante Moscatel, a partir da base que possui no Vale do São Francisco.

O diretor técnico da Salton, Lucindo Copat, se mostra otimista e faz as contas: "O Brasil comercializa 14 milhões de garrafas de espumante por ano, sendo que quatro milhões são importados, mas quase todo consumo está concentrado nas regiões Sul e Sudeste", diz. "Divida as 14 milhões de garrafas por uma população de 170 milhões de habitantes. O resultado é zero."

Em 2008, 27% da receita bruta da empresa foi obtida com espumantes. As vendas somaram 3,5 milhões litros da bebida (4,8 milhões de garrafas). Em 2007 foram 2,4 milhões litros (3,4 milhões de garrafas). Para 2009 a previsão é fazer 4,2 milhões de litros (5,8 milhões de garrafas). "É mais da metade do que o Brasil consome hoje", lembra Copat. Segundo ele, o consumo de espumante no Brasil cresceu ao rimo de 20% a 25% ao ano nos últimos quatro anos.

Outra remodelação em vista é contratar um novo gerente de vendas Brasil, para atender os grandes centros consumidores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. "Esta é uma idéia que vamos executar logo", diz Daniel Salton, acrescentando que a visão estratégica de longo prazo está intacta.

No final deste mês acontece a reunião do conselho de administração que vai definir o nome do próximo presidente (função exercida interinamente pelo atual vice-presidente, Antonio Salton) e também escolher um novo integrante para formar o conselho, pois o estatuto determina seis pessoas. "A diretoria executiva é formada por seis pessoas. Vamos repor esta vaga, também", comenta Daniel Salton. Um nome já foi indicado, mas o empresário esquiva-se de falar quem é.

O rápido crescimento na produção de espumantes está gerando outra necessidade: a entrada de mais uma linha de engarrafamento. A única em atividade atende todos os rótulos de vinhos e espumantes. "Uma linha já não é suficiente", diz o executivo, que deseja direcionar uma para vinhos e a outra para espumantes. "Vamos racionalizar e baixar os custos, deixar de fazer hortas extras, ganhar produtividade."

No ano passado, a Salton investiu R$ 4,5 milhões em máquinas e equipamentos. Para 2009 estão previstos R$ 6,5 milhões, em obras civis e equipamentos, notadamente, tanques para aumentar a capacidade de armazenamento. "Não podemos enfraquecer os flancos por falta de investimentos. Principalmente, porque temos uma posição a defender", diz o vice-presidente, Antonio Salton. Em 2008, o faturamento consolidado atingiu R$ 180 milhões. Em 2007 registrou R$ 160 milhões, e a previsão para este ano é alcançar R$ 200 milhões.

Veículo: Gazeta Mercantil